terça-feira, 6 de março de 2012
Fidelidade Inútil
Nas
mensagens sobre este texto enfocamos primeiro a figura do pai e nas outras
ocasiões enfocamos a figura do filho que saiu de casa. E alguém poderia dizer assim: que bom que nós não somos aquele moço que
saiu de casa, desperdiçou parte da sua vida, desperdiçou os seus bens. Que bom
que nós estamos na igreja, permanecemos firmes na igreja, nunca nos desviamos
da doutrina, do ensino, nunca saímos da igreja, nunca fomos para o mundo e
ficamos sempre próximo do pai.
Texto: 15:25-31
Eu gostaria
que nós pensássemos neste personagem que não saiu, que ficou em casa, ele não
se afastou do pai, não desperdiçou os bens dissolutamente, não gastou tempo com
as meretrizes. Ele foi fiel ao pai o tempo todo. ... Entretanto a
sua fidelidade foi absolutamente inútil.
O filho que
saiu foi um desastrado, o filho que ficou também foi um desastrado. Toda
fidelidade dele, mostrada no seu discurso no versículo 29: “estes
anos todos eu tenho trabalhado para o senhor e nunca me recusei, nenhuma vez, a
fazer uma só coisa que o Senhor me mandou” e agora ele joga tudo pra cima: “e em
todo este tempo o senhor nunca me deu nem mesmo um cabrito para uma festa com
meus amigos”..... “Vindo, porém este teu filho, que desperdiçou
os teus bens com as prostitutas, o senhor comemora matando o melhor bezerro que
temos na fazenda”....
Na
mitologia existe um episódio chamado de “A colcha de Penélope”.
Penélope era esposa de Ulysses e quando ele saiu para ilha de Itaca não se
sabia se ele havia morrido ou não. Como Penélope era muito bonita se presumiu
que ela estava viúva, e aí começaram a aparecer pretendentes à sua porta. Ela
não tinha certeza se Ulysses tinha morrido, e tinha esperança que ele voltasse.
Então ela disse que se casaria com o primeiro pretendente, quando ela terminasse
de fazer uma colcha que estava bordando.. Durante o dia o pessoal olhava pela
janela e Penélope estava tecendo a sua colcha, à noite, quando os pretendentes
paravam de olhar pela janela ela desfazia a colcha. Então Penélope nunca
terminou a colcha até que Ulysses voltou. Então costuma-se chamar de “Colcha de
Penélope” aquela pessoa que constrói e de repente desfaz tudo. Joga tudo pra
cima....
Aqui
está um moço que se parece com o mito de Penélope. Construiu uma imagem de moço
fiel ao pai que nunca desobedeceu ao pai, mas depois jogou tudo fora. ........ É a história de muito membro de
igreja:
Muita
gente que está na igreja, nunca desobedeceu à rotina da igreja, fez sempre tudo
o que a igreja mandou. Nunca chegou atrasado aos cultos, nunca teve um problema
na igreja, todos os domingos está aqui, participa de todas as atividades, nunca
se envolveu em problema algum, em conflito algum, mas a fidelidade é
absolutamente inútil. - “Nunca me recusei, nenhuma vez, a fazer
uma só coisa que o Senhor me mandou”, diz ele, mas enfiou os pés pelas
mãos.
FIDELIDADE
INÚTIL! Não estou
desprezando a fidelidade, não estou ironizando a fidelidade, não quero que
alguém que seja um crente fiel desista da sua fidelidade. Mas a pergunta é
esta: quais são as razões da sua fidelidade? Por que você está na igreja?
Por que você professa a sua fé em Jesus? Por quê você está neste culto? Por quê
participa das atividades da igreja?
Esta foi
uma fidelidade inútil na vida deste filho e quero alistar alguns motivos pelos
quais ela é inútil:
Primeiro, ela é inútil porque nesta fidelidade há
insubmissão. Parece uma contradição de termos: fidelidade
insubmissa, mas não é! Na realidade este
filho nunca amou o pai e nunca ficou com o pai por amor. Primeiro, ele discorda
de toda a maneira do pai agir. “Ora, o filho mais velho estivera no campo
e quando voltava, ao aproximar-se da casa ouviu a música e as danças. Chamou um
dos criados e perguntou o que era aquilo? Ele informou: “veio o teu irmão e teu
pai mandou matar um novilho cevado”. Fez isto porque o recuperou com
saúde. O filho mais velho se indignou e não queria entrar,. Não concordou. O
que era motivo de alegria para o pai para ele foi motivo de frustração. Ele não
aceita a maneira do pai administrar as coisas.
Trazendo
isso para o campo espiritual seria o mesmo de contestarmos a maneira de Deus
fazer o que quer com o que é seu. Este fato de ser preciso Jesus contar uma
parábola para defender a soberania de Deus deveria nos fazer pensar porque
certo tipo de doutrina e de pregação parece atrelar e subordinar Deus ao homem.
Nós queremos que Deus seja não o Senhor, mas o executivo cumprindo as nossas
ordens.
Gente que não se submete a Deus, que se
queixa: eu merecia uma coisa melhor, sempre fui um crente
tão fiel, por que estou passando por este problema? Nunca deixei de estar na
Igreja em todos os cultos, por que é que estou doente, por que fiquei
desempregado? Por que estou passando por este tipo de problema? Não era para
Deus fazer isto comigo. Ele deveria ter a obrigação de cuidar de mim, de evitar
que algum mal me acontecesse.
Quantas
vezes nós estamos na igreja, firmes no evangelho, mas o coração é insubmisso?
..... É muito fácil ser fiel quando as coisas vão bem, é muito fácil cantar,
louvar e exaltar a Deus quando somos abençoados, mas a verdadeira fidelidade
se manifesta quando as coisas estão ruins.
Fidelidade
não é só estar na igreja. Não é cumprir os mandamentos bíblicos, a doutrina da
igreja. Fidelidade é algo que se manifesta ao desígnio de Deus, à vontade de
Deus, é acatar sem questionar, é aceitar aquilo que vemos claramente como sendo
a vontade de Deus, sem procurar desculpas, sem racionalizar, sem tentar nos
eximir de responsabilidade.
A
verdadeira fidelidade não se manifesta apenas quando as coisas vão bem. A
verdadeira fidelidade se manifesta quando as coisas nos desagradam: é a
vontade de Deus, é o que Deus está fazendo, é o que Deus espera de mim, então
estou disposto. ..... Este filho foi fiel ao Pai, mais foi uma fidelidade
inútil porque não havia submissão, não se conformava à vontade do pai.
É
também uma fidelidade inútil porque é uma fidelidade sem misericórdia. É interessante isso: O
moço faz uma pergunta a um criado: O que é isto em casa? O criado diz:
veio teu irmão e teu pai mandou matar o novilho. Ele não quer entrar. O
pai sai e vai chamá-lo para a festa e a palavra dele mostra o que vai no seu
coração: “vindo este teu filho, que desperdiçou os teus bens”....
Primeiro,
não era teu filho, era meu irmão que ele deveria dizer! Segundo, não foram os teus
bens, foram os bens do moço, porque ele, o que ficou, também recebeu a parte da
herança. Mas ele não se alegrou com a volta do irmão. Ele viu o irmão como um
rival.
E
quantas vezes na igreja a vitória de um irmão, a prosperidade de
um irmão é vista com ciúmes, porque se um irmão é melhor economicamente eu fico
enciumado, porque um irmão ganha mais espaço na liderança da igreja eu fico com
ciúmes.
“Estou aqui
há mais tempo do que os novos que estão chegando e deveria ter mais atenção”. - Na realidade o que irmãos assim tem não é
uma fidelidade, ele acham que a igreja lhes deve uma placa por tantos anos de
igreja... O crescimento dos outros, a alegria dos outros não é a sua alegria.
Existe no coração destes irmãos uma Ausência de misericórdia.
E quem tem
um irmão como este realmente tem a vontade de ir embora.... E às vezes há irmãos na igreja que dá
vontade da gente ir embora mesmo!
- É aquele sujeito intragável
que causa amargura nos relacionamentos, há falta de misericórdia no trato. Há alegria
quando alguém cai. - “Minha sugestão não foi aceita, perdi o
cargo para o irmão mais novo, agora não devolvo mais o dízimo, não vou mais a
Igreja. Vou mudar de Igreja” .... FIDELIDADE
INÚTIL.
Será que
amamos a Deus ou amamos as nossas idéias? Sim, porque Deus pode ser um conceito
tão amplo onde colocamos o que nós queremos.
Me lembro
de um artigo que saiu no Jornal Batista de um crítico musical, dizia ele: “Deus não gosta de órgãos
eletrônicos”... Não sei se Deus deu
uma procuração a ele para falar em seu nome dizendo que não gosta de órgão
eletrônico!? - Ele deveria dizer: eu não gosto de órgão eletrônico.
..... Quantas vezes temos as nossas idéias, as nossas concepções de vida, as
nossas esquisitices, e colocamos a culpa em Deus. Deus não gosta disso, Deus
não gosta daquilo. Eu sou assim porque o Senhor isso, o Senhor aquilo....
Mas o trato
é ruim, a pessoa pode estar na igreja, mas se não tem amor pelos irmãos, está
estragando a sua fidelidade, pode participar de todos os cultos, engajar-se em
todas as organizações mas não estende a mão para o crente fraco: isso é uma
fidelidade inútil.
Este filho
era fiel ao pai, mas discordava dele. Estava lá por interesse. E quantos estão
na Igreja por interesse! .... Era fiel ao pai, mas não tinha amor pelo irmão.
Em suma, era alguém profundamente desajustado. Estava lá todos os dias, mas o
coração não estava lá. - Ou seja, você pode estar aqui mas o coração
estar lá fora....
“Este
teu filho que desperdiçou os teus bens”... -
Isso parece com tanto crente rabugento, amargo, ressentido, que não pode
ver ninguém alegre. - Uma fidelidade inútil porque é insubmissa,
uma fidelidade inútil porque é sem misericórdia e uma fidelidade inútil porque
era interesseira. “Há tantos anos que te sirvo sem jamais transgredir uma
ordem e tua e nunca me deste um cabrito se que para me alegrar com os meus
amigos”.
Quer
dizer, para este daí tu destes o bezerro cevado que estávamos preparando para
uma grande festa, agora para mim... Eu queria só um cabritinho, magrinho, mas
nem isso, nunca pude trazer os meus amigos aqui na fazenda para um
churrasquinho. Agora esse daí que passou o tempo todo com prostitutas, quando
volta tem esta festa toda.
Isso tem de
nos levar a refletir por que é que servimos a Deus? Para receber coisas? Para
ele cuidar de nós? Nós amamos a Deus ou as benção de Deus? Queremos servir a
Deus ou ser guardados do mal? Olhamos para a figura de Jesus que merece o nosso amor ou olhamos para Deus
como alguém que deve cuidar de nós, nos proteger e quebrar o nosso galho? Quanta
fidelidade por interesse!
Você está
na igreja porque ama a Jesus ou porque quer um cabrito, um cargo, uma função,
um destaque? E se não receber um cabrito vai ficar zangado? Se você perdesse
tudo o que tem ainda continuaria a amar a Deus? Ou diria: entrei numa
furada com este negócio de igreja. .......É muito bom ter bênçãos, mas a vida
cristã não é só isso!
Os grandes
vultos do cristianismo foram aqueles que ousaram morrer por sua fé, que estavam
norteados não pelo que ganharia de Deus, mas pelo quanto fariam por Deus. O
quanto fariam pelo evangelho. Aí voltamos à história do nosso moço, o que
ficou, ele era legalista, prendia-se a princípios, mas não amava o irmão! E a
gente nunca vai parecer tanto com um fariseu quando amamos mais as nossas
idéias, os nossos conceitos, o nosso status,
do que a nossos irmãos....
Agora fecha
tudo e vamos encerrar a nossa reflexão. Você
realmente ama a Deus? Mudaria a sua vida por amor a Deus? Mudaria o seu jeito
de ser se soubesse, e às vezes sabe, que seu jeito de ser não agrada a Deus? Se
desfaria de certos compromissos, de certas ligações que não deve manter, de
certas práticas sabendo que elas não agradam a Deus? Você assumiria um novo
estilo de vida sabendo que é a vontade de Deus?
Você se
submeteria ao querer de Deus, abriria mão de suas prerrogativas, se suas
habilidades de transferir suas esquisitices para Deus, .... e simplesmente
aceitaria o que Ele tem o melhor para você?!
Podemos ser
um exemplo de moral, podemos ser um exemplo de virtude em relacionamentos,
podemos ser aquele crente exemplar que não perde nenhum culto, mas o coração
pode ser insubmisso: Lá dentro amargura e ressentimento. Podemos ser um crente
que cumpra todo o programa da Igreja, um ratazana de igreja, não perde uma
atividade, mas não temos o menor gesto de amor pelos irmãos. Fazer tudo o que
nos dão para fazer, mas ainda assim estar fazendo com segundas intenções.....
Só há um
motivo para servir a Deus: Amar a Deus! Só há
um motivo para a vida cristã: não é o que Ele pode fazer por nós, porque
ele já fez, é que Ele merece de nós, o nosso amor e o nosso serviço. Se a nossa
vida cristã está direcionada em receber, em ser abençoado, em ser guardado... o
exercício da sua fidelidade será sempre inútil!
A verdadeira
vida cristã é daquele que diz ao Senhor: “Senhor,
eu te amo, na tristeza e na alegria, na benção e na privação, em qualquer
momento eu amo ao Senhor e quero serví-lo”. - Que
a sua fidelidade não seja sem valor, inútil!
- Seja misericordioso com os
irmãos, seja submisso a Deus e acima de tudo Ame-o sem esperar nada em
troca. - E com certeza ELE também dará uma festa
quando recebe-lo em Sua Casa!!!!!
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