terça-feira, 6 de março de 2012
ILUSÕES E REALIDADES
O Contexto já se tornou bem conhecido entre nós, tanto que em
nada irá prejudicar a reflexão se não for lido, porque todos sabem o que
estamos tratando, por isso que ler apenas o v. 13 e pensar esta
noite sobre ILUSÕES E REALIDES.
Esta
história de ilusão vem desde o Éden quando o primeiro homem ouviu esta
promessa: “Você será como Deus”. E aí
ele não se tornou como Deus e em vez de subir caiu. E a história do texto é uma
história de ilusões. Um moço que se deixa seduzir por ilusões, e estas ilusões
o enganaram. Via de regra as ilusões enganam muito. Enganado por estas ilusões
ele descobriu algumas realidades. Se as ilusões foram frustrantes as realidades
foram compensadoras e é sobre isso que eu gostaria de falar brevemente nesta
noite: ILUSÕES E REALIDES.
Três
ilusões aparecem no relato na vida deste moço.
São as três ilusões mais comuns na vida das pessoas. A primeira é a ILUSÃO DA FALSA LIBERDADE. A ilusão de
pensar que liberdade é fazer o que se quer. Vivemos numa época antropocêntrica,
o homem está no centro, ele é senhor da sua própria vida. Vivemos também num
período que os filósofos chamam de pós-modernidade, em que não há regras, não há
convenções, cada um faz o que lhe dá na telha, o lema da pós-modernidade é
este: cada um na sua. O que é verdade para você não é para mim, o que serve
para você não serve para mim, você vive a sua vida e eu a minha.
Muitas
pessoas têm seguido esta trilha da ilusão da falsa liberdade. A presunção de
que viver é fazer o que lhe dá na telha sem prestar contas a ninguém, abaixo às
regras, isto é uma ampliação do slogan que marcou a minha geração quando eu era
jovem “é proibido proibir”, não deve haver proibições, cada um vive a sua vida,
cada um vive como quer. O que interessa
é que a pessoa deve ser livre então não devemos estabelecer regras para
ninguém.
Há até
muitos pais que dizem isto. Não vou dar nenhuma instrução religiosa ou moral
aos meus filhos, quando eles crescerem eles que escolham o que quiserem. Essa é
a maior declaração de incompetência paterna. Na realidade o que está sendo dito
é isto: não sei como criar então vou deixar os meus filhos aí para ver o que
acontece. Se der certo muito bem, se não de certo a culpa não é minha. Parece
que este desejo na realidade é um reflexo de um desejo muito profundo no homem
de não querer diretriz nenhuma para a sua vida e até mesmo, no sentido
espiritual, de não querer Deus.
Eu me
lembro de um livro para crianças que li, era a história de um trem, que ficou
admirado como as bicicletas e os velocípedes podiam andar por todo lugar e
então achou que ele também devia se livre. Por que viver nos trilhos? Então ele
saiu dos trilhos e viu um gramado bonito com flores e foi para lá, só que como
ele era pesado ao chegar lá ele afundou. Moral da História: Regras,
princípios e padrões não são algemas, são trilhos e quando a pessoa presume que
pode seguir os instintos, viver por impulsos, fazer o que se lhe dá na telha,
na verdade ela se torna escrava e experimenta uma das piores sensações que o
ser humano pode ter, a sensação de vazio e de angústia.
É
curioso que vivamos numa época de tamanha liberdade sexual, de tamanha
liberdade para vícios. Mas é significativo que numa época em que as pessoas tem
tanta liberdade de fazerem o que querem de beberem o que querem, muitos trocam
de parceiros como trocam de roupa, haja tanto vazio e tanta frustração.
Porque
viver no domínio dos instintos não é ter satisfação, é animalizar-se. A
diferença fundamental entre o ser humano e o animal está lá em Eclesiastes,
Deus fez tudo formoso, e pôs no coração do homem a idéia de eternidade. O homem
é o único que pode pensar além de si. Que tem noção de eternidade de
espiritualidade, que tem noção de Deus e de valores, e quando deixa isso para
viver a falsa noção de liberdade dos instintos está negando a própria
humanidade, liberdade não é fazer o que se quer, fazer o que se quer é ser
escravo dos instintos. Ser escravo dos instintos é mergulhar no vazio e na
frustração.
Esta
foi a ilusão em que o moço mergulhou, Para que viver numa fazendola? Por que viver com um pai que todo dia o acordava
cedo para ordenhar vacas. Que vida miserável, cheiro de vaca e porco! Todos os
dias. Deixa eu cuidar da minha vida. Vou para a cidade grande. E vamos viver,
vamos cair na gandaia. Só que esta vida traz uma frustração enorme: a ilusão da falsa liberdade.
Uma segunda
ilusão que o moço experimentou e que muita gente experimenta é a SEGURANÇA ECONOMICA. - O dinheiro não é mal em si, ele é neutro. Os
bens são amorais, não são positivos e nem negativos, é o uso que fazemos deles
que vai determinar. Uma nota de R$ 50,00 pode pagar uma prostituta, pode
comprar uma droga, mas pode também alimentar um faminto. Ou seja é uso que
fazemos dos bens que lhe dá valor moral.
Então o
fato do moço ter recebido sua herança não quer dizer que isto estivesse em si
errado (porque em última instancia o Pai concordou!). O problema é que o moço
colocou a fonte de felicidade nos bens materiais e este também é o equívoco de
tanta gente hoje em dia, que pensa que o sentido da vida está em ter coisas.
O sentido
da vida está em ter o novo computador, a nova quinquilharia, cartões de crédito
e poder ostentar uma segurança econômica para os outros... E para este moço a fonte de felicidade estava
na matéria. E alguns pais aconselham
seus filhos assim: Filho, ganhe dinheiro, honestamente se for possível, mas se
não for possível ganhe dinheiro de qualquer maneira porque o que mais importa
na vida é ganhar dinheiro. Mas não é. A Bíblia diz que um bom nome vela mais
que ouro e prata, reputação, caráter íntegro, o ser respeitado, não há dinheiro
que pague isto.
Estava
lendo uma obra prima da intelectualidade brasileira. Uma senhora que atende
pelo nome de Xuxa Meneghel, falando da filha de dois anos que tinha um estilo
de vestir meio despojado, meio grunje, que precisa aperfeiçoar ... e fiquei
pensando, quanta pobreza, quanta mediocridade. As pessoas tem dinheiro mas não
tem conteúdo nenhum, quanta mediocridade, quanta futilidade, presumo que os
antropólogos culturais daqui a cem anos, quando lerem as revistas de hoje, vão
dizer de nossa geração era uma geração de alienados. Pessoas que tinham as
coisas, mas que se espreme não tem nada dentro delas. Elas pensam que o sentido
da vida está em ter bens.
Há um
escritor paulista, Inácio de Loyola Brandão, é um dos maiores escritores da
literatura brasileira moderna, e um de seus livros mais famosos é Não verás País Nenhum, é uma obra de ficção
científica, ele descreve a cidade de São Paulo depois de uma guerra nuclear, as
pessoas não tem o que comer, não temo que beber, o mundo está destruído e há um
diálogo entre duas pessoas no romance de Loyola, o sonho de uma destas pessoas,
eu gostaria antes de morrer de voltar a ver uma árvore. Era o grande sonho da
pessoa. Hoje ivemos tanto em função de coisas que julgamos imprescindíveis para
a vida, foi o caso do moço, só que quando ele perdeu tudo descobriu que estava
vazio. O moço estruturou a sua vida e duas ilusões, a de dispor da sua
vida como quisesse, centrou-a nos bens e ficou profundamente frustrado.
Terceira e
última ilusão: OS AMIGOS. Ele tinha bastante amigos. Evidentemente não
gastou o dinheiro sozinho, ele torrou com amigos. Viveu muito bem enquanto
tinha dinheiro. Só que este tipo de amigo que é atraído por dinheiro tem um
faro muito sensível e sente quando o bolso ficou vazio e procura outro amigo.
Aí os amigos da pesada desapareceram.
Quanta
gente tem colocado o sentido da vida neste tipo de amigo. São pessoas muito
frágeis de imagem própria e precisam de aprovação alheia. Elas necessitam viver
em bandos, em grupos, então vestem roupas das quais não gostam, assumem hábitos
dos quais não gostam ... para agradar os amigos.
Quando
adolescente eu trabalhei numa Sapataria. Naquele tempo a moda era o sapato de
bico fino (aquele que a gente diz que é para matar barata no canto da casa), e
o vendedor mostrou o sapato para um Jovem que ele estava atendendo. O rapaz
disse para ele: mas este sapato é muito feio, é horrível. O vendedor respondeu:
mas é o último grito da moda cara. E o rapaz disse: E mesmo: Ah! Se é assim
então eu vou levar.
Que coisa!
Era horrível mas era o último grito da moda. É como o rapaz que usa o boné com
a pala para trás e diz que é para ser diferente, não sei diferente do que
porque todo mundo usa para trás. Mas as pessoas seguem modas que não precisam,
são manipuladas, massificadas.
Então
quantos moços e adolescente que estão estragando a sua vida, trocando valores
que receberam na casa do pai e da mãe, valores que receberam na igreja porque
colegas de colégio estão dizendo que para ser gente aceita ali tem que fazer
assim: A gente transa, você vai ter que
transar. A gente fuma, bebe, puxa um baseado ... e se você quer fazer parte da
turma vai ter que curtir isso cara!!!
Ilusões,
falsa liberdade, fazer o que se quer, viver sem Deus, sem regras, sem
princípios. A ilusão da segurança material, não preciso de Deus, não tenho
nenhum problema e quando ficar velho, moribundo aí vou pensar nessas coisas,
por enquanto não estou numa boa. A ilusão de amigos. Se eu entrar aí o que digo
para os outros?
Chega de
ilusões, vamos falar de realidades. É a parte boa. Três realidades. Primeira,
não é tão boa mas quando se descobre as coisas começam a melhorar. Primeira
realidade, a realidade do afastamento do pai.
As coisas
começaram a entrar em ordem na vida do moço quando ele descobriu que o seu
problema não era a crise econômica, a sua escassez de recursos mas o afastamento
que ele assumira do pai. É o que a Bíblia chama de pecado, é tão atraente mas
traz péssimos resultados. Ele pensou que poderia viver longe do pai bem e
descobriu que não, que vier longe do pai era frustrante, esta é a primeira
realidade: viver longe de Deus é frustrante.
Todas as ilusões que nos mantém aparentemente de pé
acabam se esboroando. Nesse tempo de
“Homem Aranha”, vi uma reportagem sobre a VIUVA NEGRA, aquela aranha que depois
que acasala mata o macho. E venha esta reportagem podemos pensar que algumas
pessoas vivem um estilo de vida semelhante ao macho que é atraído pela viúva
negra que depois de valer do parceiro o mata.
É assim o afastamento de Deus. Suga tudo o que a
pessoa tem de bom, é assim que o pecado faz, suga tudo o que tem de bom e
depois aniquila. Me lembro de um moço que uma vez disse par o pastor da igreja
onde me converti: pastor, o senhor está por fora, um pecadinho de vez em quando
faz um bem danado. Está preso até hoje. Esta é a primeira realidade, viver
longe de Deus é frustrante e viver sem Deus é destrutivo.
Segunda realidade, arrependimento. Agora ele
caiu em si, eu vou voltar para casa e pedir perdão ao meu pai: Pai, pequei
contra os céus, contra Deus e contra o Senhor. Arrependimento. É a palavra
chave na Bíblia, é uma pena que as pregações que ouvimos na televisão
hoje, não fala em arrependimento, só
fala de riqueza, saúde, promessa, prosperidade, carro 0 Km , etc., mas a palavra
chave da Bíblia é arrependimento.
Arrependimento significa reconhecer que se está
vivendo errado. A palavra grega para arrependimento traz a idéia de virar
alguma coisa do lado do avesso, é uma mudança tão radical que é virar a mente
do lado do avesso. Numa linguagem militar é o militar que vai andando numa
direção, ouve meia volta vou ver e vira sobre os calcanhares, empreende o rumo
em outra direção. Isto é arrependimento. A minha vida está estruturada sobre
bases falsas, valores errados. Esta é a segunda grande realidade. Primeiro
quando a pessoa reconhece que está longe de Deus e segundo quando a pessoa
reconhece que deve mudar, que precisa mudar, e decide mudar. Sem o desejo
profundo de mudança não adianta.
Cosmética não resolve. É o caso de uma sociedade
que cultua a violência, libera geral, faz apologia do adultério, do
homossexualismo, que põe a violência como entretenimento, Rambo e outros passam
a ser heróis, despreza todos os valores e quando a sociedade mergulha em
violência vão se vestir de branco e acender velas na janela. Todos os valores
estão errados, o estilo de vida está errado, colocar roupa branca não vai
mudar, parece que a sociedade deseja curar câncer com band-aid, mas
arrependimento, nós estruturamos a vida sobre bases erradas e precisamos mudar.
Terceira realidade, perdão. Esta foi a
realidade mais profunda. Na realidade o pai estava esperando por ele, o viu
quando ele ainda vinha longe. Como disse em outra mensagem, onde todo mundo viu
um mendigo o pai conseguiu ver o filho. Onde todos viram um moço coberto de
trapos, esmulambado, o pai viu o filho. Onde havia alguém onde todos se
afastavam, porque mendigo via de regra não tem um bom cheiro, o pai viu alguém
que merecia um abraço e um beijo.
Aqui o pai
tipifica o caráter de Deus, não tem críticas, não tem queixas, não lança nada
em rosto e perdoa. Este é o caráter de Deus. O Deus que está atento, esperando
a volta para casa, o pai esperava por ele. Interrompeu o discurso, porque Deus
não quer pedido de desculpas, ele quer um coração que mostra arrependimento.
Quando viu arrependimento perdoou.
A grande lição deste texto é esta, Deus perdoa o
arrependido. Deus restaura o arrependido, muda por completo a vida do
arrependido. Ilusões espirituais são danosas, podemos ser iludidos por muitas
coisas, algumas das ilusões podem ser corrigidas mas a ilusão espiritual, por vezes,
não tem como se corrigir, vive-se a vida inteira errada e quando chega o dia da
partida e do acerto de contas com Deus a vida foi inteiramente perdida.
Quero lhe fazer uma pergunta nesta noite. Em que
estágio você está? O da ilusão ou da realidade? Você está iludido? Seduzido
pelo brilho do mundo?
Agora quero lhe apresentar estas realidades que
você deve guardar no coração. Primeira realidade: sua vida precisa mudar.
Segunda realidade: você precisa assumir o propósito de querer viver com o seu
pai celestial. Terceira realidade, o seu pai celestial está disposto a perdoar
você. Chega de ilusões e vamos para a realidade.
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