terça-feira, 6 de março de 2012
ROTEIRO DE UM INSENSATO
Texto:
LUCAS 15:15-16.
Esta mensagem é a segunda de uma série de sete
mensagens neste texto. Conhecemos bem a história. É uma história triste e
lamentável. A história de alguém que da fartura desce ao chiqueiro. E
podemos estabelecer uma coisa desde já: Ela tem um sentido particular, é a
história de qualquer um de nós!
.... É que muitas vezes pensamos em pródigo como
excluído, não é! Pródigo significa dissipador, dilapidador, desperdiçar,
esbanjar, é o que gasta muito, assim como alguns políticos deste País... Portanto
Pródigo: alguém que dissipou a sua riqueza. E Pródigos hoje podem ser
pobres: Pobres que estão dissipando a vida, a inteligência, os talentos, estão
dissipando em futilidade.
Há um pregador
luterano alemão, Helmuth Thielik, que tem uma série de sermões nas parábolas de
Jesus, tem dois sermões nesta parábola. Ele começa contando que, quando era
criança, seu filho, com dois anos, viu a imagem refletida no espelho e achou
muito interessante que tudo o que ele fazia a outra criança fazia também e
então começou a fazer os gestos para ver como a outra criança a imitava até que
teve o discernimento, entendeu que aquele lá no espelho era ele e não outro e
aí, diz Helmuth, é a mesma sensação que vem sobre nós quando lemos a
história do Filho Pródigo.
Lemos esta
história e começamos a pensar: espera um
pouco! Este aí sou e não outro, esta é a minha história! Esta é a história do homem e da mulher que
caminham sem Deus, sem compromisso com ele, estão perdendo, não a sua fortuna,
porque podem até ser pobres economicamente, mas sua vida, sua inteligência, sua
saúde, suas emoções, seus dons, todo o sentido da existência naquilo que não
edifica.
Quero
analisar o texto hoje por este ângulo, O ROTEIRO DE UM INSENSATO:
o moço não tem juízo nenhum, o seu roteiro, descendente, cada vez mais ladeira
abaixo, é um roteiro que muitas pessoas tem também estabelecido para si.
Um roteiro
de quatro passos. Primeiro Passo: ELE JULGOU QUE LONGE DO PAI
VIVERIA MELHOR. Este moço fora
criado numa fazenda e agora se cansou da rotina, Fazenda não é um bom lugar
para um moço porque não acontece nada de novo, é a mesma coisa todos os dias. E
ele gostava de aventuras.
Outra
coisa, ele tinha um pai, ele era o mais novo, ainda tinha um mais velho, ... é
bom ter irmãos, sempre tem alguém para dizer alguma coisa. Então ele tinha o
pai e o irmão mais velho, a vida era rotineira, ele gostaria não só de
dirigí-la, mas também de passar por experiências próprias dele. Ele julga que
pode dispensar a ajuda do pai.
E esta
atitude, quanto colocada em nível espiritual é uma das maiores demonstrações de
insensatez, é a pessoa que julga poder dispensar a ajuda do pai celestial: “Gostaria de viver longe dele, afinal
há tantas regrinhas nesse negócio de igreja. Afinal há tantas coisas para
fazer, para não fazer. “Gostaria de ter o direito de viver a própria vida, sem
regras, sem ninguém para me dizer o que fazer, quero fazer o que me der na
telha. Não quero que ninguém se meta na minha vida”. Ou seja, Esta é
a filosofia da pós-modernidade: cada um na sua! (talvez seja por isso
que temos tanta dificuldade em montarmos nossos grupos familiares...)
Você
vive na tua eu vivo na minha, ninguém se mete com o outro, e assim vamos muito
bem. Esta é a vida boa. Não tenho que dar satisfação do que digo, do que penso,
do que faço para ninguém. E com
certeza na casa deste jovem tinha muitas regrinhas: havia um irmão mais velho e
pelo que se vê na história, nós vamos ver, o irmão mais velho é um chato.
Havia um
pai, havia o trabalho rotineiro, havia aquela vida doméstica, ... mas havia
pão, havia segurança, havia estabilidade. Ele se sentiu atraído por valores que
julgava superiores aquilo que tinha em casa. Depois, como um insensato foi
descobrir aquilo que muitas pessoas descobrem, algumas um pouco tarde: é que
não há realização pessoal longe do pai celestial. Não há realização longe de
casa.
Este é o
Roteiro de um insensato: julgar que longe de
Deus se vive bem. Não há futuro sem Deus e longe dele a pessoa não encontra
segurança, nos momentos de crise não tem onde se agarrar, no momento de
desespero não tem onde por a mão, não tem rumo, não tem direção.
Se há uma
palavra que serve para alguém nesta noite é esta: não te afastes de Deus, não fique sem ele, é insensatez julgar que nós,
criados à imagem e semelhança de Deus com um vazio dentro de nós, como disse
Agostinho, que só pode ser preenchido por Deus, podemos viver bem preenchendo o
lugar dele com sensações, com festas, com curtição, com drogas com tantas
outras coisas.
Este
moço foi insensato porque julgou que a realização da vida estava em fazer os
seus próprios padrões, em não se sujeitar a regras, em viver longe da tutela
paterna, em estabelecer o seu próprio caminho e tudo o que conseguiu foi uma
vida dissipada que terminou num chiqueiro. Este é o primeiro passo no roteiro
de um insensato: Julgar que longe do Pai viveria melhor.
O
segundo passo no roteiro de um insensato: VIVER SEM PENSAR NO DIA DO AMANHÃ. Muito tinha, muito gastou, e o texto diz isso. Depois saiu de casa o
texto na Versão Almeida diz assim: “lá dissipou todos os seus bens vivendo
dissolutamente”. - Não dissipou uma
parte e aplicou a outra, dissipou todos os seus bens. Tudo o que tinha foi
embora, ficou sem nada.
Sabe qual é
a atitude que está por detrás dessa atitude? É a atitude de muitas pessoas que
diz: o amanhã não existe! Vou curtir o
dia de hoje, não estou preocupado com a alma, com a eternidade, estou
preocupado com outras coisas, o que me importa é o aqui e o agora.
O que me
importa é viver sensações intensas, o que me importe é este momento, não me
preocupo com mais nada. Eu? Religião? Deus e eternidade? Isso é para quando eu
ficar velho, quando eu estiver com o pé na cova eu penso nisso, mas por enquanto
não. Por enquanto eu quero é viver este momento.
Só que os
bens do moço não duraram muito e aí diz o texto: sobreveio sobre aquele país
uma grande fome, veio o imprevisto: agora ele é pobre numa terra com crise
econômica. Imagine você pobre vivendo na Argentina hoje. “Rico em terra com
crise econômica se safa, mas pobre não”. Não tinha mais nada e agora? .....
É muito
fácil viver sem pensar no dia de amanhã, só estou interessado no agora, mas de
repente surge uma grande fome, surge uma crise, surge um imprevisto e aí esta
pessoa que não tem estrutura espiritual, que não tem valores, que não
solidificou a sua vida sobre uma rocha, sobre alicerces sólidos, descobre que
agora, como diz o texto, começou a passar necessidades.
Descobre
que amizades da pesada são incapazes de encher o coração de significado,
descobre que curtir um som, que drogas, que isto e aquilo podem produzir um
êxtase no momento, mas aquela profunda necessidade de significado na vida, de
sentido para a existência, de realização pessoal, ele não tem, a vida é vazia,
é frustrante.
Viver em
função de instintos, de coisas é, como diz o texto, passar necessidades. E o pior tipo de necessidades, espiritual e
existencial, é a falta de significado. É algo que as pessoas hoje não
entenderam: as coisas não têm capacidade de encher a nossa vida de
sentido. Os bens não têm capacidade de encher a nossa existência de
significado.
A Revista
Veja, trouxe há algum tempo que uma socialite, Vera, comemorou o aniversário de
sua cadelinha e deu um pingente de ouro
em forma de osso para cada uma das quarenta cadelinhas iguais a ela, que
participaram da festa....
Cachorro
não conta o seu aniversário, não sabe que dia
é hoje, mas nós pensamos no dia de amanhã, contamos tempo, pensamos em
eternidade e descobrimos que a vida é muito mais do que roupa, comida e cartão
de crédito. Existe alguma coisa lá dentro que não pode ser saciada. Então, para evitar ser insensato é necessário
pensar no dia de amanhã!
Um ancião
de 84 anos que foi batizado em uma igreja de um colega, que o instruiu bem
sobre o batismo , seu significado, e quando terminou o batismo aquele ancião
teve uma crise de choro. O pastor disse: mas era para o Senhor estar
alegre. O senhor está chorando no dia do seu batismo. O que aconteceu? O
homem disse: pastor, eu tenho 84 anos, gastei a minha vida toda longe de
Deus. Quanto tempo eu tenho para servir a Deus agora, o que vou fazer para Deus
agora? Eu tive uma vida interia desperdiçada...
Este é o
roteiro do insensato. Se você vive sem pensar no amanhã, na sua alma, na
eternidade, em comparecer diante de Deus, você é um insensato.
Terceiro
passo no roteiro de um insensato: NA
AFLIÇÃO BUSCOU A ESTRANHOS E NÃO O PAI.
O texto é bem claro, “depois de ter gasto tudo,
houve uma grande fome em toda aquela região, e ele começou a passar
necessidade. Por isso foi empregar-se
comum dos cidadãos daquela região..”.
Ele tinha
um pai rico, amoroso que o aceitou, ele estava em terra estranha, em vez de
procurar o pai, ele procurou um cidadão daquele país, foi procurar um estranho
que tinha um senso de humor sarcástico: mandou-o cuidar de porcos.
Este Jovem
era judeu, o porco é um animal imundo, religiosamente imundo. A última coisa
que um judeu faria seria isto. Era o ponto mais baixo que alguém poderia chegar
na sociedade judaica. E este moço não procura o socorro do pai, mas procura
socorro num estranho.
Quanta
gente insensata que em vez de bater na porta de Deus vai bater na porta de
estranhos. Procura resolver suas coisas e consertar a sua vida não com Deus,
mas com entidades espirituais, no demonismo, no ocultismo, julgando que lá vai
encontrar misericórdia E o que encontra é sarcasmo, maldade, é espezinhado, e o
seu problema não é resolvido, ... porque o do moço não foi resolvido.
Pessoas que
em vez de voltarem para o pai celestial insistem em permanecer em terra
estranha e se encostam em pessoas que nunca usarão de bondade para com elas, quanta
gente batendo em porta errada.
Onde é que você vai
numa época de crise? Onde é que você vai buscar alívio? Quantas pessoas confiam
a sua vida em entidades espirituais, a ídolos que não podem fazer nada por elas
em vez de acertar as suas contas com seu pai celestial? Se há uma exortação
aqui é esta: não coloque a sua confiança em estranhos. Você tem um pai
celestial que te ama, que te aceita e que restaura, como vimos domingo passado.
Quarto
e último passo no roteiro de um insensato: A PERDA DO SENSO DE DIGNIDADE PESSOAL. Moço rico, criado com fartura e
diz dele o texto: “ali desejava ele fartar-se das alfarrobas que os porcos
comiam, mas ninguém lhe dava nada”. Na linguagem de hoje: quem tinha
banquete em casa, estrogonofe, crepe suzete, agora o seu prato desejado é
lavagem de porcos.
Quem era servido por empregados agora disputa
comida com porcos: Perda da Dignidade! Que humilhação, que perda de
noção de valor, e quantas pessoas hoje vivem num chiqueiro, perderam a noção de
dignidade pessoal.
Não é a questão de viverem em lugar pobre e
carente, não é isto, é a perda de sua noção pessoal, de sua dignidade,
dominada pelo álcool, vencida por ele, caída sobre o próprio vômito, vitimado
pelas drogas, alguém que escravo do fumo...
...Alguém que não consegue livrar-se do seu mau
gênio, que não consegue se livrar de algo que o escraviza, que o machuca, que
arruína a sua própria vida: ali está alguém criado à imagem e semelhança de
Deus e que perdeu a dignidade.
Será que a sua vida reflete a dignidade que teu
Deus te deu? Imagem e semelhança de
Deus? Coroa da criação? ... Que
tristeza! O texto diz que este Jovem desejava fartar-se das alfarrobas que os
porcos comiam, mas ninguém lhe dava nada, agora ele era um mendigo, não era nem
um trabalhador porque ninguém lhe dava nada e há uma lição aqui: na
medida em que nós nos afastamos de Deus e vivemos na confusão de valores deste
mundo estamos vivendo como insensatos.
..... Entretanto nem tudo é tão trágico. Há um
momento de lucidez, e neste momento o jovem reordena a vida e faz o caminha de
volta. Ele descobre algumas coisas: primeiro, errou, reconhece isto. Segundo,
ele reconhece que longe do pai a vida não tem sentido. Terceiro, ele
está perdendo a vida, ela está passando. Quarto, o pai pode aceitá-lo.
Então ele resolve voltar e pedir perdão, e o pai ministra isso na vida dele!
Pai, pequei. - É curioso a mudança das palavras,
porque quando ele saiu de casa a palavra
que marcou o início da história é uma palavra impiedosa e autoritária: “dá-me
a parte dos bens que me pertence”. E
ele na verdade não tinha bem nenhum. Primeiro porque não tinha herança, pelo
menos na sociedade judaica com o pai ainda vivo não. E o pai não tinha morrido,
como ele queria a herança?
Segundo porque pela sociedade judaica o irmão mais
velho é que ficaria com 50% e o restante seria dividido pelos outros e o mais
velho é que deveria pedir, e o mais velho ficou trabalhando em casa, ele é que
foi gastar a fortuna.
Mas agora a outra palavra, a palavra de volta para
casa: “Pai Pequei”. Aqui uma palavra de
humildade, de quebrantamento. E isto retrata os dois início: arrogância,
auto-suficiência, a pessoa que pode viver muito bem sem Deus e depois a pessoa
que descobre: “Eu preciso do meu pai celestial”.
Finalizando, quero desafiar você a olhar a sua
vida, a ver como está andando, administrando o seu tempo, a sua mocidade, seus
bens, sua saúde, sua inteligência, seus talentos, seus dons. Todas as coisas
boas que Deus tem confiado a você!
E
responda esta pergunta só para você, lá no fundo do teu coração: Se vier uma crise, se lhe
puxarem o tapete, se a situação ficar difícil, se o desespero bater: o que é que você vai fazer? Onde você vai se
encostar: em Deus ou em estranhos?
Qual
é a fonte da sua confiança? Você esta vivendo na plenitude de vida? Com sentido
de vida? Ou vivendo uma vida de fome espiritual? Lição de hoje: Desfaça
o roteiro do insensato e refaça o roteiro do homem sensato.
Cântico: “Renova-me...”
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