sábado, 28 de abril de 2012
Murmuração
Murmuração
Texto: Fp 2.1-16.
Introdução
Murmurar significa: Soltar queixumes; lastimar-se em voz baixa; Censurar ou
repreender disfarçadamente e em voz baixa; Falar (contra alguém ou algo);
Conversar, difamando ou desacreditando; apontar faltas; conceber mau juízo . É
o oposto de louvar e de agradecer. A expressão grega mais utilizada no NT é
gongyzo e significa declarar insatisfação de forma secreta e mal-humorada,
expressar desagrado, reclamar .
Podemos murmurar contra os líderes, os irmãos ou contra qualquer pessoa, mas em
última instância, a murmuração é contra Deus (Ex 16.6,7). Ao murmurar por que
chove, criticamos Aquele que fez a chuva. Ao criticarmos as pessoas,
especialmente as que servem a Deus, estamos criticando o Senhor delas, que as
chamou e instituiu naquela posição (Ex 16.8).
Por que as pessoas murmuram?
1. Porque perderam a fé
O murmurador não crê que Deus esteja fazendo as coisas da melhor maneira. Por
isso, não está satisfeito com o que ele tem ou com o que Deus lhe tem dado.
Murmuram por não crerem na providência e nas promessas de Deus (Sl 106.24-27).
Quando murmuramos contra Deus, Ele nos julga (1 Co 10.10; Dt 1.26-36).
Israel não creu que Deus poderia dar-lhes vitória contra o povo de Canaã e
murmuram contra Moisés e Arão e, em última instância, contra Deus. O Senhor os
condenou a morrer no deserto, como declararam (Nm 14.1-3,11,12,26-30; 1 Co
10.10).
O Senhor indignou-se com a atitude do povo, por causa da sua falta de fé (Nm
14.26,27). Nosso Deus é maravilhoso e sempre conduz o seu povo, suprindo todas
as suas necessidades e, por isso, reprova a murmuração. A murmuração é um sinal
claro de incredulidade e ingratidão.
A murmuração faz mal para quem fala, faz mal para quem ouve. Não muda a
realidade ao nosso redor, mas semeia mais murmuração. O murmurador não tem fé,
vê tudo de forma negativa e ainda diz: “sou realista”. Se o poder de Deus é
real, realista é aquele que acredita nele, não o que duvida. Na igreja,
infelizmente, é possível encontramos pessoas assim. Vivem a criticar, acham que
todos estão errados, tudo é difícil, nenhuma idéia ou projeto vai funcionar. Em
vez de colaborar, torcem para que as coisas dêem erradas.
Se a pessoa valoriza mais os problemas, esquecendo as bênçãos, está murmurando.
Jonas pregou um sermão que trouxe arrependimento até ao prefeito de Nínive e
levou toda a cidade a fazer um jejum, mas depois reclamou de Deus e queria
morrer (Jn 4.8,9). Elias foi usado por Deus para fazer descer fogo do céu,
provocar a morte de centenas de sacerdotes pagãos e idólatras e levar o povo a
gritar: “Só o Senhor é Deus”. Depois começou a reclamar e pediu a morte (1 Rs
19.1-4).
O murmurador reclama das próprias bênçãos que pediu ao Senhor. Compra um carro
novo e reclama por ter que pagar o imposto, as revisões. Tem uma casa grande e
reclama por ter que limpa-lá, pintá-la, etc.
2. Porque perderam o amor
Aqueles que murmuram dos outros não buscam o bem daqueles, mas a sua ruína. Os
murmuradores são especialistas em detectar falhas nas pessoas. Se elas não
existem, eles inventam, porque não têm amor pelos outros.
Quem ama o próximo e ama seu irmão não enxerga apenas seus defeitos, mas suas
virtudes. O apóstolo Pedro nos orienta a vivermos em amor e sem murmuração,
pois o amor “cobre a multidão de pecados” (1 Pe 4.8-10). A bíblia ordena que
reconheçamos aqueles que trabalham na obra do Senhor e vivamos em amor e paz
com todos (1 Ts 5.12,13). Os murmuradores perderam o amor fraternal. Quem não
ama seu irmão é homicida (1 Jo 3.15). É mentiroso, não amigo (Sl 41.7).
A murmuração, muitas vezes, é movida pela inveja. Porque alguém está num lugar
de honra que gostaríamos que fosse nosso, começamos a criticar o seu trabalho.
Mas a Bíblia nos ordena a deixarmos isto (1 Pe 2.1,2).
Até mesmo o Senhor Jesus foi alvo de murmuração. Mesmo fazendo apenas o bem (At
10.38), muitos o criticavam, mas não tinham coragem de fazê-lo abertamente,
divulgavam à surdina as suas palavras de destruição (Jo 7.12,13).
O murmurador não se nega a realizar as suas tarefas ou cumprir os seus deveres,
mostra-se até mais trabalhador do que os outros, pois quer mostrar serviço para
ter mais motivos de reclamar dos outros.
3. Porque se julgam superiores aos outros
O homem orgulhoso julga que pode fazer as coisas de forma melhor que o outro.
Torna-se um crítico implacável do trabalho alheio. A Palavra de Deus orienta que
não devemos julgar os outros, pois estaríamos nos colocando no lugar de juiz
(Tg 4.11,12; Mt 7.1; Rm 14.13). Os murmuradores são apresentados na Bíblia como
pessoas orgulhosas e soberbas (Rm 1.30). Devemos considerar os outros
superiores a nós mesmos (Fp 2.3). Isto evita contendas e discórdias.
O murmurador encontra defeito em tudo. Se o pastor prega quinze minutos, não
tem mensagem. Se prega uma hora, quer matar a gente. Quando o pastor coloca
outra pessoa para ensinar, os murmuradores dizem: é obrigação dele! Quando não
coloca ninguém para falar, dizem que não valoriza os obreiros, não dá
oportunidade pra ninguém. Até mesmo entre os apóstolos de Cristo encontramos
atitudes assim (Mc 14.5).
O que a murmuração produz
Causa divisão na igreja - A murmuração gera contendas, provoca invejas e causa
dissensões (Jd 16-19). O murmurador torna-se um semeador de discórdia, o que
Deus abomina (Pv 6.16-19). Quando houve murmuração na igreja primitiva por
causa do cuidado com as viúvas, dois grupos distintos foram separados: os
judeus e os gregos (At 6.1). A Palavra de Deus nos ordena que vivamos sem
murmuração (Fp 2.14).
Traz prejuízo à pregação - O murmurador prejudica o seu testemunho do evangelho
- por que alguém vai querer ouvir a mensagem de alguém que só murmura? Se só
reclama, como vai trazer boas novas? Um murmurador não pode dar testemunho de
vida para os seus irmãos, fica impossibilitado de ser ajuda para quem está
perto dele, pois é característica do murmurador estar sempre de mau humor e
desanimado.
Abre brechas para o inimigo – A murmuração traz discórdia, desavenças e
contendas. Permite ao inimigo semear a sua semente maligna. A palavra que sai
da nossa boca deve ser de edificação e não de destruição (EF 4.27-31).
Paralisa o trabalho da igreja – A murmuração detém o crescimento da obra de
Deus. A energia e o tempo que poderiam usar na edificação do corpo de Cristo,
na salvação deste mundo perdido, são desperdiçados debilitando a igreja e
arruinando sua credibilidade. Quando Miriã e Arão murmuraram contra Moisés, ela
foi punida e o povo teve que ficar parado uma semana esperando a sua
recuperação (Nm 12.15).
Alternativas à murmuração
Clamar em vez de reclamar – Desabafar com Deus é algo que podemos fazer sem
pecar. Muitos homens confessaram a Deus suas dificuldades e foram ouvidos.
Josafá estava sendo atacado por inimigos que Deus tinha proibido a Israel de
destruí-los, mas em vez de reclamar apresentou o problema ao Senhor e confiou
nele (2 Cr 20.7-12).
Louvar em vez de lamentar – Mesmo nas situações nas quais não temos controle
sobre as circunstâncias ou não conhecemos o propósito, podemos confiar no
Senhor. Paulo e Silas na prisão louvaram ao Senhor, apesar de estarem presos,
acorrentados, numa cela de prisão sem as mínimas condições de conforto e higiene.
Houve um terremoto tão grande que eles foram libertos, as correntes caíram, e
eles saíram. Foi assim que Deus os libertou: através do louvor (At 16.22-26).
Agradecer em vez de queixar-se – Em vez de colocar o foco nas dificuldades,
devemos enxergar as muitas coisas boas que Deus tem nos dado e agradecer por
elas. O apóstolo Paulo nos recomenda: Em tudo daí graças, esta é a vontade de
Deus (1 Ts 5.18).
Orar por alguém em vez de criticá-lo – A Palavra manda que oremos uns pelos
outros. Se alguém que foi colocado por Deus em uma posição está fazendo algo
errado devemos orar por ele, pois ele prestará contas disso a Deus. Se alguém
está murmurando contra nós devemos orar por ele também, como fazia o salmista
(Sl 35.11-16).
Conclusão
Devemos eliminar a murmuração de nossa vida. O murmurador desagrada a Deus,
causa transtornos aos outros e à obra de Deus e atrai condenação para si mesmo.
Devemos transformar a nossa mente (Rm 12.2), pela Palavra de Deus (Jo 15.3),
reconhecer que a murmuração é pecado e abandoná-la (Pv 28.13).
Se a nossa murmuração estava prejudicando alguém, devemos pedir perdão e
reconciliar-nos com ele. Se um murmurador quer compartilhar conosco a sua
semente de discórdia devemos pedir-lhe que pare com isto e começar a falar das
bênçãos de Deus (Fp 4.8). Quando damos ouvidos ao murmurador nos tornamos
cúmplices dele.
Precisamos confessar e abandonar este mau costume, substituindo-o por palavras
de gratidão a Deus (Cl 3.16,17). Precisamos crer que Deus está no comando e
fará todas as coisas redundarem em nosso bem (Rm 8.28).
Devemos atentar para as palavras do Senhor Jesus: “Não murmureis entre vós (Jo
6.43).
Leitura sugerida
MEYER, Joyce. Eu e Minha Boca Grande. Belo Horizonte: MJM, 2006.
Carlos Kleber Maia
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