Estamos em um ano eleitoral.
Estamos, também, diante da tão conhecida expressão popular que é: Chegou a
hora da política, e aí? O pastor é um líder religioso que está diretamente em
contato com o público. Considerando que política tem tudo a ver com religião,
alguns pastores e líderes acertadamente e por vocação se candidatam e passam
a exercer cargos políticos. Mas afinal, você concorda na mistura das duas
carreiras? Pode pastores e líderes cristãos se misturarem nesse
negócio?
Na velha maneira de fazer política, ouvimos dizer que ocorriam negociações do
tipo: Atrair benefícios para a Igreja, como a doação de terrenos para
templos; algum tipo de financiamento facilitado; obter concessões de rádios e
TVs; ter tratamento especial perante a lei... Esses são apenas alguns tipos
de barganhas, "acertos", acordos e composições de interesse que
costumavam ocorrer nos bastidores em épocas de campanhas eleitorais,
envolvendo também políticos e candidatos evangélicos. Misericórdia!
Mas a visão do Governo do Justo vem exatamente com a proposta de casar a
legitimidade da expressão sacerdotal e profética da Igreja com o clamor da
sociedade por uma política decente, ordeira, honesta, limpa, ética. No que
depender do Governo do Justo, nenhum tipo de velho comportamento será
avalizado para fabricação de votos ou apoios.
Como líderes de um povo, devemos considerar o valor da representatividade do
povo cristão/evangélico nos pleitos políticos e o fato de que a nossa
representatividade fala da mais expressiva, organizada, e com maior
capacidade e poder de transferência de votos. Por isso, muito cobiçada dentre
todos os segmentos da população por conta do seu poder de influência.
Assim sendo, o Governo do Justo tem entendido a indispensável tarefa de
contribuir para que o processo eleitoral não continue sendo margeado pela
esperteza dos ímpios e ganância dos poderosos, continuísmo dos mesmos,
sofismas dos “espertos” e a tola submissão dos desavisados, que resultou numa
sociedade em desagregação que tolera coisas intoleráveis.
O Governo do Justo visa também trazer sua contribuição informativa e
formativa à comunidade religiosa a ela vinculada, na intenção de contribuir
para um processo eleitoral no qual o voto evangélico não seja manipulado,
como muitas vezes já o foi, mas usado com consciência e objetividade,
ajudando a Igreja a amadurecer no exercício da sua cidadania política de
forma coerente com sua fé, com sua crença.
Inspirado nos revolucionários líderes Moisés e Jesus, que com suas mensagens
e mandamentos poderosos ajudaram a sociedade da sua época, e estenderam seus
ensinos até os dias de hoje, apresento aqui alguns conselhos, dicas, que
considero fundamentais sobre o bom uso do dito voto evangélico.
1. O seu voto é
inegociável e intransferível. Com ele, você terá a oportunidade de expressar sua consciência como
cidadão. Por isso, o voto precisa refletir a compreensão que você, como
cristão, tem de seu País, Estado e Município.
2. O cristão deve
pautar a sua consciência política nos princípios da Palavra, apesar dos contextos
sociais desafiadores vividos em nossos dias. Ele deve ajustar sua maneira
de ver a realidade social, pela Palavra de Deus, buscando ajuda do líder da
Igreja e através do que Deus está fazendo em sua realidade e conduzir o voto
naquela direção.
3. Os pastores e
líderes têm obrigação de orientar os fiéis sobre como votar com ética,
discernimento e compromisso com a Palavra de Deus. No entanto, a bem de sua
credibilidade, o pastor ou o líder evitará transformar o processo de
orientação política numa ação de manipulação e indução
político-partidária.
4. Os líderes
evangélicos devem ser sábios, democráticos (porque essa é a atual maneira de
fazer política) e zelosos do governo divino sobre as instituições. Portanto, devem zelar pelo
processo de escolha/indicação de quem a comunidade deve votar. Dentro do
possível, deve-se organizar debates multipartidários/multivisionários, nos
quais, simultânea ou alternadamente, representantes das correntes
partidárias/visionárias possam ser ouvidos sem preconceitos, visando obter
conhecimento dos movimentos políticos sociais que de certo ajudarão na
decisão final dos apoios/escolhas.
5. A diversidade
social, econômica e ideológica que caracteriza a igreja evangélica no Brasil
impõe que sejam conduzidos processos com a devida organização, temor,
respeito e sabedoria visando o apoio aos candidatos ou partidos dentro do ambiente de
vida da igreja evitando o constrangimento dos eleitores (o que é criminoso) e
zelando para evitar divisão (em todos os sentidos) na comunidade.
6. Nenhum cristão
deve sentir-se obrigado a votar em um candidato pelo simples fato de ele se
confessar cristão evangélico. Antes disso, os evangélicos devem discernir se os candidatos ditos
cristãos são pessoas lúcidas e comprometidas com as causas de justiça e da
verdade. E mais: é fundamental que o candidato evangélico queira eleger-se
para propósitos maiores do que apenas defender os interesses imediatos de um
grupo religioso ou de uma denominação evangélica ou apenas ter um mandato. É
óbvio que a Igreja tem interesses que passam também pela dimensão
político-institucional. Todavia, é mesquinho e pequeno demais pretender
eleger alguém apenas para defender interesses restritos às causas temporais
de uma instituição. Um político de fé evangélica deve ser, sobretudo, um
evangélico na política e não apenas um "despachante" a serviço de
grupos. Ao defender os direitos universais do homem, a democracia, os
princípios do Reino de Deus, entre outras conquistas, o cristão estará
defendendo a Igreja.
7. Os fins não
justificam os meios. Portanto, o eleitor cristão não deve jamais aceitar a desculpa
de que um evangélico político votou de determinada maneira e muito menos que
ele votou em determinado político, porque obteve a promessa de que, em assim
fazendo, conseguiria alguns benefícios para a igreja ou para si mesmo, quer
sejam rádios, concessões de TV, terrenos para templos, linhas de crédito
bancário, propriedades, tratamento especial perante a lei ou outros
"trocos", ainda que menores. Conquanto todos assumam que nos
bastidores da política haja acordos e composições de interesse, não se pode,
entretanto, admitir que tais "acertos" impliquem na prostituição da
consciência cristã, mesmo que a "recompensa" seja, aparentemente,
muito boa para a expansão da causa evangélica. Jesus Cristo não aceitou
ganhar os "reinos deste mundo" por quaisquer meios, Ele preferiu o
caminho da cruz.
8. Os votos para
Presidente da República e para cargos majoritários e todos os outros devem,
sobretudo, basear-se em programas de governo, nas propostas e no conjunto das
forças partidárias por detrás de tais candidaturas, suas ideologias e com
muitos cuidados que, no Brasil, são, em extremo, determinantes: ‘preste atenção
se o candidato tal é ateu’, ou ‘se candidato tal tem posturas contra as
igrejas’, ou ‘se o candidato é contra a causa dos evangélicos’. É bom saber
que a Constituição do país não dá a quem quer que seja o poder de limitar a
liberdade religiosa de qualquer grupo, mas, na prática, não é assim que
vemos. Somos em meio ao silêncio acintosamente discriminados e perseguidos
nesta Nação.
9. Sempre que um
eleitor evangélico estiver diante de um impasse do tipo: "o candidato
evangélico é ótimo, mas seu partido não é o que eu gosto", é
compreensível que dê um "voto de confiança" a esse irmão na fé, desde que ele tenha as
qualificações para o cargo. Entretanto, é muito bom considerar que ninguém
atua sozinho, por melhor que seja o irmão, em questão, ele terá grande
desafio para transcender a agremiação política de que é membro, ou as forças
políticas que o apóiem. Fiquem atentos às ideologias e não se percam nos
bonitos discursos que geralmente eles nos enganam. Vejam a barca furada que
nos metemos com esse governo atual que quer apoiar abortos e homossexualismo,
verdadeiras abominações diante de Deus e da nossa fé.
10. Nesse
processo de construção de valores políticos, devem ser observados os papéis
com muita prudência. O pastor deve ser obedecido em tudo aquilo que ensina sobre a
Palavra de Deus, de acordo com ela. No entanto, no âmbito
político-partidário, a opinião do pastor deve ser ouvida como a palavra de um
cidadão, e respeitada em concordância com a Palavra de Deus, sem nos
esquecermos que esse sacerdote tem-nos acompanhado e aconselhado em todas as
áreas da nossa vida e que Deus fala por ele. Mas é possível que você tenha
opinião pública política diferente do seu pastor ou seus líderes espirituais.
Saiba lidar com essa diferença sem ferir os princípios espirituais.
O pastor é um homem público, e homem público é aquele que lida com uma
sociedade, particularmente a comunidade religiosa local, regional ou a
nacional, isto vai depender do seu campo de atuação pastoral. Devemos
entender que a Igreja está acima da opinião pública, contribuindo para a
estruturação de uma visão coletiva e comunitária com base na Palavra de Deus
que é a bússola da vida.
Finalmente, quero considerar que precisamos estar atentos aos destinos da
nossa sociedade e agir com maturidade, equilíbrio, mas, também com muita
garra sabendo que vamos decidir os próximos quatro anos da nossa cidade e que
a decisão de agora influenciará nas próximas decisões de daqui a 2 anos. Nós
não podemos ser omissos muito menos errar nas escolhas. “Disse o Deus de
Israel, a Rocha de Israel a mim me falou: Haverá um justo que governe sobre
os homens, que governe no temor de Deus. E será como a luz da manhã, quando
sai o sol, da manhã sem nuvens, quando pelo seu resplendor e pela chuva a
erva brota da terra.” (II Samuel 23:3-4).
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