quarta-feira, 16 de maio de 2012

JERICÓ “A Cidade D”


JERICÓ “A Cidade D”


Foi assim que John Garstang, batizou a conhecida Jericó dos tempos de Josué, a primeira cidade conquistada pelos judeus após a saída do Egito. O lugar da fragrância, a cidade do balsamo, localizada à 32 Km ao norte de Jerusalém e à 10Km do rio Jordão, uma região cercada por uma cadeia de elevadas e alcantiladas montanhas.
Alguns arqueólogos acreditam que a cidade tenha sido povoada pela primeira vez em 8000 a.C. Estes povoados foram construídos uns sobre os outros ao longo do tempo, o que levou o escavador Garstang a concluir, na década de 40, que a Jericó conquistada por Israel sob o comando de Josué, em 1400 a.C. sugeria o quarto nível de ocupação e a denominou “cidade D”.

Isso foi há muito tempo!
Particularmente, eu gosto muito daqueles filmes que começam com uma cena de ação e quando eu já estou me prendendo em seu enredo ele pára subitamente e uma voz inesperada interrompe o silencio: “três dias antes” e, obrigatoriamente, sou conduzido ao passado recente e, às vezes distante, para encontrar o elo perdido daquela trama. Como na vida real, somos levados a pensar que o passado é o eterno guardião das respostas para as situações presentes. Se nos deparamos com alguém bem sucedido em sua carreira, um expert na arte dos relacionamentos interpessoais; alguém que conseguiu multiplicar sua fortuna, ou por outro lado, uma pessoa feliz; feliz com a vida, em paz consigo mesma e com o mundo à sua volta, não ficamos curiosos e ávidos por saber o segredo? E onde estaria a resposta senão no passado?

No primeiro semestre de 2008 o Brasil celebrou o maior crescimento econômico de sua história. As montadoras automobilísticas faturaram como nunca, as exportações atingiram níveis impressionantes, o poder aquisitivo aumentou significativamente e sobrou crédito para o brasileiro. É consenso entre os economistas, de que o Brasil não aproveitou plenamente a onda e cresceu menos do que devia, mas cresceu muito apesar disso. Porém, onde tudo isso começou? Quem deu a largada para as exportações? Quem chamou os carros brasileiros de carroças à quatorze anos? Quais decisões foram necessárias para que hoje “cada cidadão brasileiro” tivesse acesso à internet, ao celular, Ás universidades abertas, enfim? Curiosamente, no ano de maior crescimento foi também o ano do colapso econômico mundial. Mas onde tudo começou? Quem alavancou a economia? Qual a contribuição dos governos anteriores? Como um operário se tornou presidente do Brasil e conquistou como ninguém, tão alto nível de popularidade entre os cidadãos brasileiros?
O passado é um grande mestre. Porém, o fascínio por ele poderá ser doentio se nos prendermos lá. O passado tem a ver com nossa origem e portanto, com o nosso destino. Se soubermos quem somos saberemos para quê existimos. A arquitetura, os objetos pessoais e uma infinidade de detalhes que envolvem uma civilização, fornece pistas sobre a cultura, a estrutura política e o modo de viver de um povo. Esse é o trabalho do arqueólogo, do cientista, do arquiteto e do homem em geral que é um inquiridor por natureza. Precisamos aprender com o passado para acertar o presente e projetar o futuro.

A muralha dupla
A bíblia afirma que os israelitas liderados por Josué marcharam ao redor da cidade por seis dias e no sétimo dia, sete vezes, tocaram seus shofás, gritaram até que os muros vieram abaixo.
Quando eu era criança, meu pai comprou uma coleção de histórias bíblicas em vinil nas quais, a conquista de Jericó, estava incluída. Por repetidas vezes, me peguei chorando, fascinado com a cena da muralha de Jericó ruindo e uma enorme bola de poeira se levantando do chão. Eu não tinha a menor noção da grandiosidade desse milagre.
Estudiosos afirmam ter encontrado em suas escavações dois muros de nove metros de altura, feitos de ladrilhos secados ao sol, de uns dez centímetros de espessura e de um comprimento de 60 a 90 centímetros cada, formando os muros que corriam quase paralelos e rodeavam o cume do monte. A espessura do muro interior segundo dizem, era de 3,4 a 3,7 metros, e havia sido construído sobre os alicerces do muro anterior formando um espaço entre os dois muros que variava entre quatro a oito metros e os mesmos se uniam numa espécie de travamento em intervalos regulares, por paredes de ladrilho. Tudo muito bem pensado.
A engenharia utilizada pelos construtores do muro de Jericó, previa ataques de poderosos exércitos do mundo antigo mas, nunca uma batalha espiritual, comandada pelo Senhor dos exércitos. Os muros de Jericó eram realmente sólidos e intransponíveis. Só foram derrubados porque o Deus Todo-poderoso assim o quis. Ironia ou não, o Senhor Deus de Israel, desenhou uma estratégia de guerra inusitada demais para se crer. Qualquer estrategista de guerra ridicularizaria um exército que considerasse a idéia de marchar em volta de uma muralha, com intenção de destruí-la. Mas o que parecia ridículo, produzi um grande conquistado. Josué se destacou como verdadeiro guerreiro quando decidiu crer no comando do general dos generais, o Senhor dos Exércitos.

“Ora, Jericó estava rigorosamente fechada por causa dos filhos de Israel; ninguém saía, nem entrava. Então, disse o Senhor a Josué: Olha, entreguei na tua mão Jericó, o seu rei e os seus valentes. Vós, pois, todos os homens de guerra, rodeareis a cidade, cercando-a uma vez; assim fareis por seis dias. Sete sacerdotes levarão sete trombetas de chifre de carneiro adiante da arca; no sétimo dia, rodeareis a cidade sete vezes, e os sacerdotes tocarão as trombetas.E será que, tocando-se longamente a trombeta de chifre de carneiro, ouvindo vós o sonido dela, todo o povo gritará com grande grita; o muro da cidade cairá abaixo, e o povo subirá nele, cada qual em frente de si.” (Josué 6: 1-5).
O modo de Deus lidar com a situação surpreendeu à todos. Usando as coisas que não são para confundir as que são e o irracional para contrariar ao lógico, Ele chamou a atenção Jogando abaixo o símbolo da glória de Jericó, deixando-a desguarnecida e humilhada. Meu coração vibrava com o tremendo poder de Deus, que põe ao chão e reduz a nada a altivez dos seus adversários. Isso me trazia uma segurança indestrutível na alma.
Nas escavações da senhorita Kenyon na década de 60, encontrou-se os restos de um edifício médio, um forno e um pequeno jarro, pertencentes à Idade do Bronze tardia (1500-1200 a.C.). O que parece ser parte de uma cozinha Cananéia. Acredita-se, que uma mulher haja deixado cair o jarro ao lado do forno para fugir ao soar das trombetas dos homens de Josué. Com um pouco de imaginação é possível vislumbrar a multidão de israelitas marchando em absoluto silêncio no torno das muralhas. Sete dias ininterruptos marcham confiantes e em ordem de batalha. Ao termino dos dias, cada qual virou-se defronte para a muralha e deram um passo à frente, num sincronismo perfeito. Ergueram seus shofás e um som de trombetas anunciou triunfante, a chegada do momento de tomar Jericó. Todos gritam ao mesmo tempo produzindo abalos sísmicos letais nas estruturas da cidade mas, principalmente, na autoconfiança povo que considerava sua muralha impenetrável.
É assim que Jericó, a cidade do deus-lua, segundo sugeriu o arqueólogo W. Albright, é mencionada em diferentes textos do Antigo Testamento, por cerca de setenta vezes e por seis vezes no Novo Testamento. Narrativas envolvendo guerras, catástrofes naturais, invasões nômades, declínio e florescimento, são encontradas em fontes arqueológicas e extrabíblicas, formando um cabedal histórico dessa pequena área de pouco mais de quarenta mil metros quadrados a 250 metros abaixo do nível do mar.
O profeta Isaías no capítulo 61:11, nos diz que as cidades são assoladas, arruinadas e destruídas de geração em geração como tem ocorrido com Jericó. Muitas marcas são impressas e deixadas ao longo do tempo através das gerações, dando aos demônios tremendos poderes que precisam ser quebrados. Enquanto escrevo, sou tomado pela lembrança de uma viagem que fiz conduzindo uma família de missionários à uma conferencia. Ainda na estrada, próximo à uma curva suave, ele me contou uma história muito intrigante. Segundo o que ele disse, o Departamento de Estradas e Rodagens, vinha registrando um alto índice de acidentes naquele perímetro. Vários estudos foram feitos do local, mas nenhuma descoberta significativa foi feita, enquanto os acidentes ocorriam em frenético crescimento. Um grupo de pastores decidiu orar no local a fim de quebrarem o domínio das trevas e toda legalidade adquirida. Foram porém, surpreendidos com uma revelação que receberam do Senhor.
Segundo soube, à cerca de um século ou mais, havia naquele local uma fazenda grande de escravos. O proprietário do local era conhecido pelo costume de possuir sexualmente as jovens negras que mais lhe atraiam. Uma revolta diabólica inundou a alma da comunidade escrava que decidiu tomar uma medida radical para impedi-lo definitivamente. Eles passaram a arrancar os dentes das meninas na pré-adolescência, à base do alicate, durante o tempo em que o seu senhor estava fora da fazenda. Ao chegar, encontrava as belas moças desdentadas e com o rosto deformado pelo inchaço e não se aproximava delas. Furioso, porém, pendurava no tronco os responsáveis e os feria duramente. Quanto mais apanhavam, mais se convenciam de que extrações deveriam continuar. Com isso, muito sangue foi derramado e um espírito de morte se instalou na região dizimando a todos, ao longo do tempo. Hoje, o local é deserto e maldito. Segundo me contou, depois da intercessão dos pastores, diminuiu dramaticamente, a incidência de acidentes automobilísticos naquele perímetro. Não obstante, a situação nos desperta para a realidade atual de muitas cidades que conhecemos.
De meretriz filistéia à princesa judia
Enquanto ruíam as imponentes muralhas de Jericó e milhares de pessoas, nobres e aldeães eram ceifadas indiscriminadamente, pela mesma espada, uma vida anônima e moralmente depravada, que jamais julgaríamos merecedora de tamanha vitória, segue um destino diferente. Através do poder extraordinário da fé, encontrou a graça de Deus não apenas para si, como para toda sua casa.
Cinco dias antes; quem sabe duas semanas; ou talvez quarenta dias; Não é possível precisar o tempo entre a chegada dos espias em Jericó e a tomada da cidade, mas foi o tempo necessário para Raabe, uma meretriz filistéia, encontrar sentido para sua vida. Ela que gastou os seus dias despojando-se no prazer imoral e lascivo, acumulando para si maldições e agruras, achou-se incluída e pessoalmente culpada, na condenação da cidade apóstata. O relato bíblico na própria voz Raabe, informa-nos que o terror infundido sobre Jericó levou seus moradores ao desmaio; e a memória dos grandes feitos do Deus de Israel sobre as nações – do Egito ao Jordão, fez secar toda a sua esperança de sobrevivência.
- Bem sei que o Senhor vos deu esta terra, e que o pavor que infundis caiu sobre nós, e que todos os moradores da terra estão desmaiados. Porque temos ouvido que o Senhor secou as águas do mar Vermelho diante de vós, quando saíeis do Egito; e também o que fizestes aos dois reis dos amorreus, Seom e Ogue, que estavam além do Jordão, os quais destruístes. Ouvindo isto, desmaiou-nos o coração, e em ninguém mais há ânimo algum, por causa da vossa presença; porque o Senhor, vosso Deus, é Deus em cima nos céus e embaixo na terra. Agora, pois, jurai-me, vos peço, pelo Senhor que, assim como usei de misericórdia para convosco, também dela usareis para com a casa de meu pai; e que me dareis um sinal certo de que conservareis a vida a meu pai e a minha mãe, como também a meus irmãos e a minhas irmãs, com tudo o que têm, e de que livrareis a nossa vida da morte.
O que para Jericó era o fim, para Raabe era o começo de um novo tempo. Então, lhe disseram os homens sem qualquer hesitarão assegurando-lhe que seria recompensada à altura de suas expectativas.
- A nossa vida responderá pela vossa se não denunciardes esta nossa missão; e será, pois, que, dando-nos o Senhor esta terra, usaremos contigo de misericórdia e de fidelidade.
Ela, então, os fez descer por uma corda pela janela, porque a casa em que residia estava sobre o muro da cidade. E, mesmo sabendo que eles eram homens valentes e experientes em táticas de guerra, recomendou-lhes que tomassem cuidado.
- Ide-vos ao monte, para que, porventura, vos não encontrem os perseguidores; escondei-vos lá três dias, até que eles voltem; e, depois, tomareis o vosso caminho.
Enquanto os homens se preparavam para a descida e, um silêncio eloqüente os envolvia, um deles, preocupado com o trato, olhou dentro dos olhos de Raabe que refletiam com suavidade, os últimos raios do sol já quase posto, e disse-lhe:
- Desobrigados seremos deste teu juramento que nos fizeste jurar, se, vindo nós à terra, não atares este cordão de fio de escarlata à janela por onde nos fizeste descer; e se não recolheres em casa contigo teu pai, e tua mãe, e teus irmãos, e a toda a família de teu pai. Qualquer que sair para fora da porta da tua casa, o seu sangue lhe cairá sobre a cabeça, e nós seremos inocentes; mas o sangue de qualquer que estiver contigo em casa caia sobre a nossa cabeça, se alguém nele puser mão. Também, se tu denunciares esta nossa missão, seremos desobrigados do juramento que nos fizeste jurar.
- Segundo as vossas palavras, assim seja, disse ela. Então, os despediu; e eles se foram; ela atou imediatamente o cordão de escarlata à janela conforme o combinado.
O desejo de fazer algo de valor, Ao menos por uma única vez e o sonho de se sentir útil honrando sua família, permeava a alma dessa mulher infeliz e miserável, e é totalmente perceptivo na narrativa bíblica. Ela que por tantas vezes abriu a porta de sua casa para a luxúria, dessa vez abrigou em paz os espias (Hb 11.31) e os escondeu dos agentes do rei, poupando-lhes a vida. Sua atitude não apenas salvou sua família e a si própria, mas também transformou o seu caráter. Assim, Raabe a meretriz, aparece citada ao lado de mulheres extraordinárias como Sara, a mãe de Moisés, dentre outras mulheres notáveis e em justaposição com Abraão, o Pai da fé (Hebreus 11:11, 35). De acordo com a genealogia de Mateus, ela se tornou esposa de Salmom, um príncipe de Judá, mãe de Boás, bisavó do rei Davi e ascendente de Jesus. Ficou conhecida como uma mulher de fé no livro de Hebreus e em Tiago, por haver demonstrado sua fé através de atitudes práticas (Hebreus 11: 31; Tiago 2:25). Recebeu, por fim, um lugar de honra como membro efetivo na galeria dos heróis da fé.
As vezes me pego pensando no desprezo e na humilhação que inda hoje subjuga homens e mulheres reduzindo-os à mediocridade e, por vezes, à degradação moral. Quantas histórias inspiradoras poderiam ser escritas por distintas pessoas que, como Raabe, ousaram crer? Se a fé de uma pessoa salvou toda uma família, o que teria acontecido se outras famílias se redesse à fé, como fez Raabe?
Escaravelho sagrado
As tumbas encontradas durante as escavações na região, confirmam que Jericó era uma cidade real de alta antiguidade – a principal do vale do Jordão (Nm 22. 1; 26.3, 63; 31.12; 33.48; 36.13; Dt 32.49; 34.2; Js 13.32; Jr 52.8). O professor Garstang encontrou próximo à cidade, um grande número de tumbas em um cemitério antigo, que ilustra o padrão de vida da população no período patriarcal. Peças de cerâmica de alto padrão; uma grande quantidade de Jóias; mesas de madeira com três e quatro pernas; aproximadamente 170 escaravelhos sagrados, muito comuns no Egito, e com gravuras que revelavam o nome de vários faraós, tais como: Tutmóses III (1490 – 1436 a.C.), Tutmósis III, Amenhotep II, que aponta para um antigo arqueiro identificado em uma tuba egípcia. Um dos escaravelhos em cuja gravura achou-se o nome Hat-shep-sut, o qual se refere a uma rainha e dois selos reais de Amenhotep III que reinou desde 1413 até 1376 a.C.
O ‘Escaravelho é um besouro considerado sagrado pelos antigos egípcios. Os escaravelhos são estercoreiros e assim como outros estercoreiros, tem o hábito peculiar de procriarem no esterco. Ás vezes enrolam este esterco em bolinhas, as quais eles rolam para suas tocas subterrâneas a fim de serem usadas como alimento pelas larvas. Os ovos são postos nas bolinhas. Os Egípcios tinham as bolinhas de esterco como símbolos do mundo e acreditavam que as projeções sobre as cabeças dos besouros emblemas dos raios do sol. Para os egípcios, o escaravelho também simbolizava a ressurreição e a imortalidade. Esculpiam figuras desses insetos em pedra ou metal e as usavam como amuletos. Habitualmente, os egípcios removiam o coração de uma pessoa morta e punham em seu lugar um grande escaravelho esculpido e cravejado de pedras preciosas, quando o corpo era embalsamado. Muitos desses escaravelhos eram enfeitados com jóias ’
O antigo hábito de sepultar com o corpo, objetos de valor, ilustra bem o caráter devastador da idolatria no contexto de uma cidade. O domínio das trevas ganha força em uma cidade e produz um entendimento truncado com respeito à verdade. Ressurreição e imortalidade, são temas bíblicos e a essência da antropologia teológica. Não fosse a cegueira causada pela idolatria, poderíamos dizer que os egípcios encontraram a salvação pela revelação natural . Porém, assim como em exatas, uma operação matemática quase certa, estará errada – os egípcios estavam “Quase salvos, porém, totalmente perdidos ”.
A Maldição de Jericó
Registros bíblicos nos informam que Josué, o comandante de Israel na conquista de Jericó, proferiu uma maldição contra o lugar e sobre aquele que tentasse reerguê-la, fazendo todos jurar em uníssono as seguintes palavras:
– Maldito diante do Senhor seja o homem que se levantar e reedificar esta cidade de Jericó; com a perda do seu primogênito lhe porá os fundamentos e, à custa do mais novo, as portas.
Nos dias do rei Acabe, por volta de 915 a.C. mais de quinhentos anos após o pronunciamento da maldição, Hiel, um homem nativo de Betel, iniciou a empreitada de reconstruir Jericó, e o fez. Inevitavelmente ficou sujeito a maldição, perdendo dois de seus filhos enquanto reconstruía à cidade .
- Em seus dias (do rei Acabe), Hiel, o betelita, edificou a Jericó; quando lhe lançou os fundamentos, morreu-lhe Abirão, seu primogênito; quando lhe pôs as portas, morreu Segube, seu último, segundo a palavra do Senhor, que falara por intermédio de Josué, filho de Num.
‘Alguns estudiosos supõem que Hiel sacrificou seus filhos em holocaustos, e assim cumpriu pessoalmente a maldição, talvez na esperança de que nada além disso sucederia a ele e ao seu projeto, se assim fizesse. Porém esses filhos podem ter morrido de enfermidade, ou por causa de algum acidente. Seja como for a maldição teve cumprimento. E, além disso, Jericó continuou sendo uma cidade importante por muitos séculos depois disso ’.
As pessoas tem pouca informação sobre o poder destruidor das maldições. Dezavisadamente, pais amaldiçoam a seus filhos, líderes invocam o mal sobre seus liderados e palavras malditas são liberadas contra cidades, projetos, e pessoas.
E, 2 Reis 2.4, relata que o profeta Elias, antes de ser transladado, foi a Jericó em companhia de Eliseu, visitar a uma escola de profetas que fora estabelecida naquela cidade.
Águas abortivas
Após o traslado do profeta Elias para o céu (2 Reis 2: 9-14), Eliseu, seu legítimo sucessor, foi morar em Jericó conforme está registrado em 2 Reis 2:18. O clima ameno de Jericó, transformou a cidade numa estação de inverno e num fornecedor de frutas, legumes e verduras o ano inteiro , deixando os seus cidadãos abastados e poderosos. Os importantes vaus do Jordão, que Josué atravessou, eram as principais ligações das estradas que saíam das colinas da Judéia com as estradas principais vindas de Gileade e de Moabe, cuja profundidade variava entre 0,90 m e 3,60 m, possibilitando assim, a travessia a pé ou a cavalo em quase todos os meses do ano.
Através da história, a água tem sido para o homem escrava e senhora. Grandes civilizações foram criadas onde havia fartura de água e decaíram quando o suprimento de água deixou de ser abundante. Houve homens que se mataram uns aos outros por um poço de água lamacenta. Basta lembrarmos do episodio envolvendo Isaque e os pastores de Gerar, brigando pelo direito de antigos poços que Abraão seu pai, havia cavado (Gênesis 26).
Certas regiões sofrem a falta de água porque seus habitantes não cuidaram bem do seu suprimento. Em geral o homem se estabelece onde a água é abundante – junto aos lagos e rios. Crescem as cidades, instalam-se as industrias. As cidades e fábricas lançam seus resíduos nos lagos e rios, convertendo-os em esgotos. Então a população busca novas fontes de água. Dentre outras razões para a falta de água, uma muito presente é o fato de certas cidades não fazerem pleno uso de suas possibilidades de suprimento . Guardadas as devidas proporções, houve em Jericó, no início do ministério do Profeta Eliseu, um sério problema com as águas. Seja pelo mau uso, pela falta de saneamento ou por questões espirituais, a fonte Ain es-Sultan, que provia água na antiguidade e sem dúvida, uma das principais razões do local ser ocupado desde tempos remotos, se tornaram águas abortivas. O texto hebraico dos vers. 19 e 21, indica que a água originasse o aborto.
Os homens da cidade disseram a Eliseu: Eis que é bem situada esta cidade, como vê o meu senhor, porém as águas são más, e a terra é estéril.
As condições da água de Jericó estavam prestes a causar uma grande evasão de sua população e uma falência completa de sua economia. Naquele tempo, o profeta era responsável por apresentar uma solução não apenas para as questões espirituais, como também para aquelas de ordens sociais do povo ao qual pertencia. Como sabemos, Eliseu era um camponês e não há nenhum indício de qualquer formação ou envolvimento com ciência naqueles dias, a não ser aquelas que diziam respeito às experiências místicas. É pouco provável que o profeta soubesse que o sal tem pelo menos 14 mil utilidades, além do uso culinário comum, cuja quantidade utilizada dessa forma é inferior a 5% da produção anual no mundo inteiro. O sal e seus subprodutos são empregados em conservação de comestíveis, industrias químicas, preparação de couros e peles, e industrias de alimentos. O sal encontra grande utilidade no preparo da barrilha, um composto presente na fabricação do vidro e saponáceos.
A soda caustica e o cloro e seus subprodutos derivam da decomposição do sal por meio da eletricidade. Esse processo, conhecido como eletrolíse, consiste em fazer passar uma corrente elétrica através de uma solução de sal. A soda caustica obtida por esse processo é empregada em sabão, papel, seda artificial e purificação do petróleo. O cloro é utilizado em branqueamento de papel e purificação da água. Além das variadas funções do sal que, por razões de falta de espaço, não nos é permitido citá-las, possui ainda, propriedades anti-sépticas (mata germes) que o tornam útil na lavagem da boca, nos gargarejos e na limpeza dos dentes.
Unindo o poder sobrenatural da fé com as propriedades químicas do sal e a verbalização da palavra profética, o profeta Eliseu eliminou o problema definitivamente.
Ele disse: Trazei-me um prato novo e ponde nele sal. E lho trouxeram. Então, saiu ele ao manancial das águas e deitou sal nele; e disse: Assim diz o Senhor: Tornei saudáveis estas águas; já não procederá daí morte nem esterilidade.
Ficaram, pois, saudáveis aquelas águas, até ao dia de hoje, segundo a palavra que Eliseu tinha dito. (2Reis 2:19-22)
Um amigo meu, Dr. Em Engenharia Florestal e professor da Universidade Federal de Viçosa, após visitar a cidade de Jerico, me disse em of., que até hoje, ninguém consegue explicar, a não ser pela Bíblia, a razão das águas de Jericó serem saudáveis até hoje. Geologicamente, é impossível haver água potável naquela região. Mesmo que o profeta soubesse o valor do sal na purificação da água, um prato de sal jamais produziria um resultado assim e por tanto tempo.
Eglon, Hanun e Persas
A cidade de Jericó tem sido palco de incontáveis eventos. Mortes e atrocidades, quedas e soerguimentos de impérios, maldições e milagres, compõe a lista inacabada dos acontecimentos de uma das cidades mais antigas do mundo.
Sessenta anos após Josué capturar a cidade de Jericó, na época dos primeiros juízes de Israel, Eglon, um gordíssimo rei moabita governava o território a oeste do rio Jordão. Eglon fez aliança com os amalequitas e amonitas e subjugou territórios de Israel além do Jordão, bem como de certas tribos sulistas do outro lado do rio. Em 1527 a.C. ele fez de Jericó uma das capitais de seu pequeno império e edificou ali um palácio que, segundo o historiador Flávio Josefo, era sua residência de verão.
Anos mais tarde, aproximadamente em 1037 a.C. Naás rei dos amonistas morreu e Hanun, seu filho, assumiu o seu trono em seu lugar. O rei Davi, num ato de gratidão ao falecido monarca, resolveu homenagear o novo rei e prestar-lhe as condolências pela dolorosa perda de seu pai enviou-lhe dois embaixadores. Hanun, influenciados por seus príncipes, percebeu más intenções na visita da embaixada israelita e decidiu mandar-lhe um recado não muito amistoso.
‘Então Hanun pegou os mensageiros de Davi, raspou um lado da barba deles, cortou as suas roupas até a altura das nádegas e os mandou embora. Quando Davi soube disso, enviou outros mensageiros para se encontrarem com eles porque eles estavam muito envergonhados. Davi mandou lhes dizer que ficassem na cidade de Jericó e que só voltassem quando as suas barbas tivessem crescido de novo’.
A barba, no contexto judaico era e ainda é, um símbolo de honra e dignidade. O ato de Hanun feriu a honra da nação israelita e consequentemente, desonrou o rei Davi que não exitou em enviar Joabe com todo o exercito dos valentes de Israel, contra Hanun e os sírios com quem fizera aliança. Hanun fez aliança com os sírios, mas logo foi desbaratado, seguindo-se uma tremenda carnificina como já era esperado, além de eclipsar a independência síria e subjugá-los a Israel, junto com os amonitas.
Nesse incidente, Jericó aparece apenas como cidade hospedeira da embaixada israelita quando em retorno de Amon. Mas devido ao peso desse acontecimento, precisa ser lembrada. Jericó chegou ao seu ponto final no tempo do cativeiro babilônico, nos dias de Zedequias, o último rei de Judá (2 Reis 25.5; 2 Crônicas 28.15; Jeremias 39.5; 52.8). Os trechos de Esdras 2.34 e Neemias 7.36 indicam uma ocupação do local durante o período de dominação persa; mas a população consistia apenas de trezentas e quarenta e cinco pessoas. Todavia, eles ajudaram no soerguimento das muralhas de Jerusalém (Neemias 3. 2).
A capital de inverno de Herodes O Grande
A Jericó do Novo Testamento, ou a cidade das palmeiras conforme sugere o profeta Samuel em Juízes 1:16, fazia parte da propriedade de Cleópatra, sendo depois adquirida por Herodes o Grande, o qual construiu uma nova cidade um tanto ao sul do antigo local.
Herodes, um vassalo nativo de Roma na Palestina, governou o pais de 37 a 4 A. C., sendo Idumeu (descendentes de Edom e Esaú) descendente, não contava com a simpatia maciça dos judeus. Herodes o Grande, era também um grande invejoso, astuto e um indivíduo descomunalmente cruel; assassinou a duas de suas esposas, três de seus próprios filhos e ordenou a matanças dos infantes de Belém, por ocasião do nascimento de Jesus. Em certa ocasião, ‘Augusto disse que era melhor ser um porco de Herodes do que um filho seu’. Apesar disso, Herodes era um grande governante e com sua eficiência nas articulações políticas alçou posições nas mais altas camadas do poder romano.
Além dos toques de recolher e dos pesados impostos inferidos pela administração de Herodes, seu estilo de liderança incluía a distribuição de cereal gratuito em períodos de fome e vestes grátis quando em outras calamidades; mesmo não comungando com a fé judaica, deixou a sua contribuição quando embelezou o templo de Jerusalém, decorando-o com mármore branco, ouro e pedras preciosas. Mas em 4 A.C. Herodes o Grande, morreu de hidropsia e câncer nos intestinos. No uso de sua autoridade, ordenou que alguns líderes influentes dentre os judeus fossem executados, paralelo ao seu falecimento, com o fim de que a nação chorasse por eles, já que por Ele, não choraria .
Tulul Abut el-Alaia, é o nome atual das ruínas onde Herodes O Grande erigiu a sua capital de inverno. A arquitetura romana e o estilo helênico eram marcantes no palácio, no anfiteatro e no hipódromo, o que indicava um rompimento com o antigo estilo das aldeias Cananéia e judaicas. Herodes mandou plantar árvores nativas do vale do Jordão tais como o sicômoro, para ornamentar sua ‘cidade refúgio’, situada na fronteira com a Peréia, a planície mais rica da palestina. O fato de no inverno, o clima da região ser quente e agradável em função da altitude do local – cerca de mil e cem metros abaixo do nível do mar e, de não distar mais do que 24 Km de Jerusalém, facilmente explica-se a escolha feita por Herodes.
No tempo de Cristo, era Jericó a segunda cidade da Judéia . Produtora de importantes produtos como o balsamo, perfazendo-se uma próspera comunidade comercial e um grande centro de tributação romana – a ‘galinha de ouro’ do império, onde Zaquel era o superintendente e, naturalmente, era muito rico (Lucas 19: 1-10).
Descobertas arqueológicas apontam duas Jericós. Uma mais antiga que remonta os tempos idos da história judaica e outra mais nova edificada por Roma. A caminho de Jerusalém, Jesus permaneceu ali por algum tempo na casa de Zaquel, onde proferiu as parábolas dos dois servos e dos talentos.
Jesus certamente tomou a estrada pelo lado oriental do Jordão e cruzou o vau perto de Jericó. Ali foi a ultima parada de sua jornada; a ultima cidade que ele visitaria antes de se entregar na cruz em Jerusalém, pouco depois. Na estrada que ligava a velha com a nova Jericó, Jesus protagonizou uma das mais belas histórias de transformação e esperança. Foi no caminho entre a saída e a entrada de Jericó; entre o velho e o novo mundo, às margens da estrada e perdido em sua existência; no meio de tudo e do nada, Bartimeu, outro anônimo – agora um homem, ousou crer como Raabe e através da fé, superou os traumas do passado, derrubou as muralhas sociais e alavancou a sua vida.
O passado de Bartimeu, poderá se mostrar tão surpreendente e cheio de mistérios como o passado da cidade que ele escolheu para morar…
A cidade construída por Herodes feneceria sob as mãos dos árabes não muito depois, e perderia a sua importância através dos tempos, especialmente, após a retirada dos europeus do local. Mas o seu nome ecoaria pelos anais da história atravessando os séculos ganhado cor, sentimento e personalidade. Jericó – a cidade onde Bartimeu.
Referencia Bibliográfica
1. Professor britânico?

2. Paráfrase de 1 Coríntios 1:27, o qual diz:Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes.(BLH)
3. Quem é W. Albright?
4. Universal, Enciclopédia Delta, volume 5 – Editora Delta S.A. página 2876
5. Romanos 1: 18 -32; Salmos 24
6. Tema do sermão que pastor Ivênio dos Santos ministrou à mais de trinta anos, que de tão bom que foi, inspirou uma tia de minha esposa a batizar o seu primeiro filho com o mesmo nome do pastor.
7. Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia, Vol 3 – pagina 108.
8. Universal, Enciclopédia Delta, volume 8 – Editora Delta S.A. página 4578; (Deuteronômio 34. 3).
9. Extraído e adaptado de, Universal, Enciclopédia Delta, volume 1 – Editora Delta S.A. página 172
10. Bíblia, O Novo Comentário da, Sociedade Religiosa Edições Vida Nova 3ª Edição 1997.
11. Extraído e adaptado de, Universal, Enciclopédia Delta, volume 13 – Editora Delta S.A. página 7094
12. Extraído e adaptado de Filosofia, Enciclopédia de Bíblia, Teologia e, por Russell Norman Champlin Ph.D. e Pastor João Marques Bentes. Volume 2 página 307, 3ª Edição, 1995 – Editora e Distribuidora Candeia.
13. Citado por Filosofia, Enciclopédia de Bíblia, Teologia e, por Russell Norman Champlin Ph.D. e Pastor João Marques Bentes. Volume 2 página 307, 3ª Edição, 1995 – Editora e Distribuidora Candeia.
14. 2 Samuel 10.4 – 19 – BLH
15. Filosofia, Enciclopédia de Bíblia, Teologia e, por Russell Norman Champlin Ph.D. e Pastor João Marques Bentes. Volume 3 página 458, 3ª Edição de 1995 – Editora e Distribuidora Candeia.
16. Informação coletada na introdução ao livro dos Juízes da Bíblia Anotada. 1ª Edição brasileira em 1991, Associação Religiosa Editora Mudo Cristão – São Paulo
17. Extraído e adaptado de, Universal, Dicionário Bíblico, 2ª Edição de 1981, páginas 214 – Editora Vida Miami, Flórida –EUA.
18. Panorama do Novo Testamento, paginas 13 – 15, 3ª edição em maio de 1996, por Sociedade Religiosa Edições Vida Nova. Obs: Essa idéia morreu junto o ele.
19. Universal, Dicionário Bíblico, 2ª Edição de 1981, páginas 214 – Editora Vida Miami, Flórida –EUA.

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