segunda-feira, 26 de março de 2012

DISSIPANDO A ESCURIDÃO


Texto:  JOÃO 13:21-30
                           
Quero destacar o v. 20: “Assim que comeu o pão, Judas saiu. E ERA NOITE”.

O Dicionário da Língua Portuguesa diz que NOITE é:  “Espaço de tempo em que o sol esta abaixo do horizonte. E num sentido figurado NOITE é Escuridão. Trevas. Tristeza”.

Uma das verdades que é ressaltada na inspiração bíblica, é que cada escritor teve seu estilo não só literário, mas pessoal mantido. A inspiração não foi uma psicografia em que o autor foi possuído por uma entidade e escreveu sem saber o que queria ou o que fazia.

Cada escritor manteve sua personalidade, seu caráter, sua maneira de ser. Assim é que quando lemos Jeremias nós vemos um homem profundamente emotivo e isso transparece em várias das suas declarações, tipo:  “entranhas minhas, entranhas minhas, o meu coração está comovido dentro de mim”.

Em contrapartida, no Novo Testamento, o Evangelista Lucas é detalhista, ele apresenta nomes, lugares: “Quirino era governador de tal lugar, fulano de tal governava em tal lugar”. Já o Evangelista Marcos é conciso, aquilo que os outros gastam muitas palavras ele diz em poucas.

O Profeta Oséias é sem sombra de dúvidas o maior poeta de toda a Bíblia. Nenhum homem o igualou na força dos seus sentimentos. Amava sua esposa, e ela o deixou para tornar-se uma meretriz, e nesta experiência dolorosa vivida pelo profeta compreendeu ele que era isto o que o povo fazia com Deus: abandonava o Deus verdadeiro para seguir a ídolos.   -   Quem lê Oséias vê ali o maior pregador do amor de Deus em toda a Bíblia. Ele é um poeta.


João, o autor do texto que lemos, pode-se dizer, é um poeta, ... é o Oséias do Novo Testamento. Ele não tem uma cronologia, mas constrói narrativas e pequenas palavras que vai deixando aqui e acolá, às quais, vão mostrando de forma oculta algumas belezas não só literárias, mas religiosas.
E aqui, no v. 30, está uma destas pérolas ocultas. O momento em que Judas sai da casa onde estava com Jesus e os demais discípulos. João registra: e era noite”.   -   Uma palavra tão pequena, mas plena de significado.

João chama o seu escrito de sinais, ele não usa a palavra milagres. Ele vai ao longo do seu livro deixando sinais, algumas expressões são sinais, ele sinaliza algumas verdades. E aqui ele está sinalizando: “Era Noite”.

Não apenas porque o sol se pusera, mas, à luz do sentido figurado da palavra, era noite na vida dos participantes que estavam envolvidos naquela história, era noite na vida dos discípulos, era noite na vida de Jesus e era noite na vida de Judas.

É por aqui que vamos andar esta NOITE...  -    Eu quero refletir com você esta noite sobre: DISSIPANDO A ESCURIDÃO”.   O Dicionário da Língua Portuguesa diz que DISSIPAR é: “Dispersar. Por em debandada. Afugentar. Fazer fugir. Afastar. Repelir”...

Era noite para os discípulos. Eles estavam perplexos, completamente desorientados. Eles foram educados numa tradição religiosa que apontava para um messias glorioso, vitorioso, que viesse e expulsaria os romanos para fora de sua terra e tornaria a sua nação uma nação de ponta, a primeira nação do mundo. Eles sonhavam com uma nação como os EUA o é em nosso tempo.  Eles reconheceram que este homem com que haviam comprometido sua vida era o messias que esperavam.

Esperavam um guerreiro e agora vem um homem que está colocando cada vez mais o corpo na cruz. Eles o vêem até mesmo assustado. Eles se sentem inseguros com algumas palavras dele: “Esta noite todos vós me abandonareis e me deixareis só”. Em outro lugar ele diz: buscam a minha alma”.  Os discípulos sempre o viram tranqüilo, a ponto de numa tempestade em que as ondas se levantavam ele estava com a cabeça sobre uma almofada. Agora ele está angustiado.

No evangelho de Marcos 14:33 nós encontramos esta declaração: E levou consigo a Pedro, a Tiago e a João, e começou a ter pavor e a angustiar-se; e disse-lhes: A minha alma está triste até a morte; ficai aqui e vigiai”.
Você pode imaginar como estes homens se sentiam? Aquele em quem depositavam todas a sua esperança era homem igual a eles e estava com medo. Vamos dar asas à imaginação, sem irmos longe demais: o que sente um pai vendo um filho morrer? O que sente um esposo vendo a esposa morrer?

Mas eles haviam deixado filhos, esposa, haviam deixado a família para seguir aquele homem e ele mesmo dissera: “quem não deixar pai, mãe, por amor de mim não é digno de mim”. E eles fizeram isto porque Pedro numa ocasião disse: “Senhor, eis que deixamos tudo e te seguimos”.

Deixaram tudo por causa deste homem porque eles esperavam um Messias vitorioso e agora viam-no seguir conformado para a morte. O futuro para eles era incerto e então eram trevas, era tristeza para eles. Era noite para os discípulos...

Era noite também para Jesus. Falamos tanto na sua morte que por vezes nos esquecemos o que isto significava.  -  O fim estava chegando aos 33/34 anos, quando na realidade a vida começa para muita gente nesta faixa. Para ele era o fim. Toda a sua vida foi vivida em função deste momento. Ele viveu à sombra da cruz. Numa ocasião ele mesmo disse aos discípulos: “há um batismo com o que devo ser batizado, a cruz, e como me angustio até que ele se cumpra”.

Não sabemos como vamos morrer. O comediante contemporâneo, Woody Allen, que disse: não é que eu não quero morrer, mas que eu não queria estar presente quando a morte chegasse.  Seria bom se soubéssemos quando vem para não irmos lá, mas JESUS não, ele sabia o que vinha.

Quando ele foi pego no colo por Simeão, no templo, Simeão disse que ele estava sendo posto para levantamento e queda de muitos, e olhando para Maria disse: “uma espada traspassará o teu coração”.

Desde o momento que o menino fora apresentado no templo o seu final já era dado como um final dramático. O v. 21 que lemos diz: “Depois de dizer isso, Jesus perturbou-se em espírito e declarou: Digo-lhes que certamente um de vocês me trairá”.
 O verbo traduzido por “perturbou-se”, no grego, significa: ter as emoções agitadas. Alguém dirá assim: ele era Deus. Sim, e ele também era homem. A igreja cristã sempre afirmou sua perfeita divindade e sua perfeita humanidade. E a sua divindade não o eximiu de sofrer. Tanto que séculos antes o profeta Isaías o chamou de “homem de dores e experimentado em sofrimento”.

Se a morte é uma experiência da qual tentamos nos livrar e na qual procuramos não pensar, imagine se chegando para um jovem, ..... e não apenas a experiência da morte porque é possível suportá-la com uma boa dose de coragem, mas a angústia que ele passaria, tanto que depois ele diria: “Deus meu, Deus meu, porque me desamparaste”.

Aquele que não cometeu pecado, diz a Bíblia, carregou todo o pecado da humanidade. Havia não apenas o componente da dor física, mas também o componente da dor espiritual. Então ele estava passando por um momento de angústia.

Não era um momento fácil para os discípulos e muito menos para Jesus. Para ele era um momento doloroso. A cruz foi dolorosa e a perspectiva da cruz, a iminência da sua chegada ocasiona também um sentimento muito profundo de ansiedade.

Quando fazemos a leitura no Evangelho de Marcos, vemos como ele coloca verbos que mostram Jesus sempre em movimento. O capítulo anterior ao capítulo da crucificação mostra, no relato de Marcos, um Jesus agitado. É a perspectiva da cruz que está chegando. Era noite para Jesus......

Era noite também para Judas. Ele estava jogando a grande cartada de sua vida. Era um bom dinheiro que ele estava conseguindo com a traição. Além disso, pode ser que ele tivesse visto que a causa de Jesus não ia dar em nada. Então, era melhor ficar do lado dos vencedores, perdedor não é boa companhia. Então, já que as coisas vão sair assim eu vou ficar do lado onde rola dinheiro.

Não é esta hoje a postura de muita gente? Que não tem a vida ditada por convicção ou por caráter, mas por conveniência.

Agora, ..... Há na construção de João, um aspecto interessante: Judas estava num lugar onde havia luz, e ele vai para fora onde havia trevas.  Ele está na luz, dentro de casa,  na presença de Jesus e ele sai de casa, sai da companhia de Jesus, vai para fora, para a escuridão. Não havia iluminação nas ruas.

Jesus diz: “um de vocês vai me trair”. E quando todo mundo pergunta: sou eu? Sou eu? Ele diz: “o que mete comigo a mão no prato”.   -   E na hora que estende a mão para o prato Judas estende a mão. Agora os olhares convergem para Judas.  Ele não é expulso, mas a presença de Jesus o impele para fora.

Que ironia! ..... Judas era um dos nomes mais belos da Bíblia, é Judá significava o nome da nação de Judas e de Jesus.  Judas no aramaico, Judá no hebraico  Judá significa louvar. É daqui que vem a palavra judeu, aquele que louva.

Este homem tinha um dos nomes mais belos. Judá foi o homem que deu o nome à nação, a tribo de Judá. Mas o caráter dele é um caráter trevoso, ele vai para as trevas, ele vai para a noite.  .... Não é porque a noite está lá fora, é porque a noite está dentro dele. Ele tem o coração em trevas que não é compatível com o nome que carrega.

Há muita gente como Judas. Pessoas que fogem da presença de Jesus. Participar de um culto numa igreja é uma das coisas mais tenebrosas do mundo. Seu coração, sua vida, não está aqui. Isso não lhe diz respeito....

Há aqueles, inclusive, que olhando toda a proposta do evangelho de Jesus, de uma vida correta, prefere as trevas, prefere viver na escuridão.  Em vez de viver na companhia de Jesus, prefere sair e viver do lado de fora.

Só que a noite, se parecia atraente para Judas, revelou-se enganosa. A noite é sempre enganosa. Ele ficou sem Jesus, ele ficou sem a companhia dos outros, ele ficou sem as moedas.  Ou seja, aqui há uma declaração do que acontece com todo aquele que vira as costas para Cristo.

JUDAS não está num caminho radiante, ele está indo para a escuridão, ele age de maneira incompatível com o caráter que Deus colocou dentro dele, o caráter de alguém criado para louvar a Deus. Ele perde a benção da companhia do senhor Jesus, ele perde a benção da companhia de outras pessoas que não são santas, são iguais a ele, mas que podem ajudá-lo na vida. Ele tenta agarrar trinta moedas, que depois não consegue ter na sua mão.

Você que é membro da sua igreja, que tem um compromisso com Cristo, quaisquer trinta moedas que você queira ter na mão para deixar o seu senhor, são moedas que você nunca vai poder segurar. Se você pensa que a vida lá fora, de trevas, de escuridão, é melhor do que a vida na casa, você vai perder a casa, vai perder a luz, vai perder o Senhor e vai perder as moedas.

E se você que não tem nenhum compromisso com Jesus porque não quer e acha que é melhor viver a sua vida sem ele também vai descobrir que a vida sem Ele é frustrante. Era noite também para Judas. Trocar Jesus por moedas é uma opção trágica, mergulha a pessoa no escuro.    -     Era noite para os discípulos, era noite para Jesus, era noite para Judas...

ENTRETANTO, raiou a manhã para os discípulos, numa manhã de domingo. Duas mulheres foram ao sepulcro chorar e de repente elas descobrem que não há ninguém no sepulcro e estas mulheres voltam com uma notícia que abalou o mundo para todo o sempre: A SEPULTURA ESTÁ VAZIA.  NÃO HÁ NINGUEM LÁ.

Era noite sim, mas veio uma manhã e numa manhã de domingo, por isso a igreja guarda o domingo, o dia da vida, o dia da ressurreição do Senhor. Aqueles que foram para chorar, que estavam tristes, que estavam na noite, e que foram para ver o Cristo morto, descobriram numa manhã que ele saíra e não era mais um crucificado e nem um rejeitado.

Ele saiu para acontecer com Ele o que diz o apóstolo Paulo em Filipenses 2:9-11 “Pelo que também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu o nome que é sobre todo nome; para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai”.
Veio a manhã para os discípulos. Veio a manhã também para Jesus porque não ficou na sepultura, porque não ficou na cruz, Ele saiu, recebeu um nome sobre todo o nome e dividiu a história em antes e depois dele.

Houve manhã para Ele, houve manhã para os Discípulos...mas não houve manhã para Judas! Judas em trevas de coração vivia, para as trevas foi e em trevas morreu. Raiou a manhã para os discípulos e aquele punhado acovardado se transformou na igreja cristã que invadiu o mundo inteiro.

Raiou a manhã sobre Jesus e se tornou o nome sobre todo o nome. Judas que estava em trevas, em trevas morreu e nunca lhe veio a manhã, porque não há manhã para aquele que decide por viver sem Jesus. Não raia a manhã para aquele que insiste em caminhar sem Jesus....

Agora, falando sobre noite e falando sobre manhã. Falando sobre noite e falando sobre a luz, as palavras de Jesus no evangelho de João 8:12 são essas: “Eu sou a luz do mundo; quem me segue nunca andará em trevas, mas terá a luz da vida”.

Não há trevas para quem segue a Jesus. Ele é a luz do mundo. Aquele que o segue também não anda em trevas, mas na luz do mundo.

João 12:35: “Disse-lhes então Jesus: Por mais um pouco de tempo a luz estará entre vocês. Andem enquanto vocês têm a luz, para que as trevas não os surpreendam, pois aquele que anda nas trevas não sabe para onde está indo”.


E agora no mesmo capítulo, versículo 46:  “Eu vim ao mundo como luz, para que todo aquele que crê em mim não permaneça nas trevas”.

Curve sua fronte. Feche seus olhos...   Reflita comigo agora: Você está no escuro espiritual? Desorientado, sem rumo, sem saber para onde vai? Você se sente como alguém tateando na escuridão? Sem saber onde por o pé ou a direção a dar a sua vida?
A Bíblia está dizendo que Aquele que passou por momentos de escuridão é a luz do mundo.  Com certeza há momentos trevoso em nossas vidas, mas a luz sempre brilha para quem segue a Jesus.

Aqueles que decidem por deixar a JESUS de lado e viver sem Ele, em trevas vivem, em trevas andam, em trevas morrem.

Neste momento orar por você. Orar para que você possa chamar JESUS para a sua vida, dar a Ele a sua vida para que você nunca viva na noite.   Para que a partir de hoje você viva sempre na manhã.   Esse é um tempo para que você possa deixar a “Luz do Mundo”, a “Luz da Vida” direcionar todo o seu caminhar....

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